
Membros do Exército, da Marinha e da Aeronáutica ficaram incomodados com trecho do voto de Benedito Gonçalves, ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e relator de ação que pode tornar Jair Bolsonaro inelegível. O magistrado, ao votar pela condenação do ex-presidente, disse que as Forças Armadas tiveram “papel central” na estratégia do político contra o sistema eleitoral. A informação é da coluna de Matheus Leitão na revista Veja.
Militares da alta patente se sentiram ofendidos com a declaração do ministro, que ainda lembrou que Bolsonaro mencionou “Forças Armadas” 18 vezes e “democracia” apenas quatro durante a reunião com embaixadores no Palácio da Alvorada, em junho do ano passado.
“Um significativo componente retórico é o uso da primeira pessoa do plural para se referir às Forças Armadas. O primeiro investigado enxergava-se como um militar em exercício à frente das tropas”, afirmou o magistrado. Benedito Gonçalves ainda afirmou que o ex-presidente tinha uma “perturbadora interpretação das ideias de autoridade”.
O papel de membros das Forças Armadas no golpismo ficou escancarado após a descoberta de plano de intervenção militar no celular de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro. A Polícia Federal encontrou o envolvimento de cinco militares no plano de golpe, incluindo o coronel Jean Lawand Junior.