
A tentativa de Carlos Bolsonaro (PL-RJ) de se lançar ao Senado por Santa Catarina em 2026 virou um desastre dentro do próprio bolsonarismo. O movimento, que deveria fortalecer o clã no sul do país, acabou expondo disputas, ressentimentos e o esgotamento político da família no estado que por anos serviu de vitrine à direita radical brasileira.
A pré-candidatura abalou o PL catarinense e acirrou brigas públicas. A disputa pelas duas vagas da chapa do governador Jorginho Mello (PL) opôs os aliados de Carlos — trazidos do Rio e de Brasília — e a ala local do partido, que exige prioridade a nomes “da casa”. O grupo catarinense defende uma composição entre Caroline de Toni (PL) e Esperidião Amin (PP), ambos com trajetória política consolidada no estado.
Carol de Toni sendo descartada pelo bolsonarismo, quem poderia imagina? pic.twitter.com/he5Jdh17zU
— Luciano Carvalho (@lucianocarvaIho) October 26, 2025
A tensão, que veio à tona nas últimas semanas, já se arrastava desde que Carlos Bolsonaro começou a sondar eleitores e lideranças catarinenses. O projeto de importá-lo para o cenário estadual encontrou resistência em todos os níveis — da base bolsonarista até entidades empresariais, como a Fiesc, que reagiu afirmando que Santa Catarina “não precisa de candidatos de fora”.
Enquanto o vereador carioca tentava se firmar, as rachaduras se aprofundavam. Deputadas como Ana Campagnolo e Caroline de Toni se tornaram porta-vozes do sentimento local: o de que a família Bolsonaro está tentando ocupar um espaço que já não lhes pertence. Do outro lado, Eduardo Bolsonaro reagiu em defesa do irmão, trocando ataques públicos com Campagnolo e acirrando o embate.
🚨URGENTE – Jorge Seif diz que Ana Campagnolo não era nada até ontem, que era só uma professora, e que ele apoia Carol, Carlos e Amin
“Ai vem uma deputada estadual que não era nada até ontem, era professora, e tá se achando líder da direita em SC (…) traidor, oportunista” pic.twitter.com/N5P6IqPR9j
— SPACE LIBERDADE (@NewsLiberdade) November 5, 2025
Nem a figura de Jair Bolsonaro conseguiu apaziguar o conflito. Após reuniões com Jorginho Mello, Carol de Toni e Esperidião Amin, o ex-presidente tentou conciliar interesses, mas acabou isolando Carlos, que já percorria cidades catarinenses tentando construir apoio e prometendo mudar-se em definitivo para o estado.
A aposta, no entanto, saiu pela culatra. A aproximação de Jorginho com Amin, vista como uma tentativa de ampliar alianças com PP e União Brasil, reduziu o espaço do clã Bolsonaro. E, à medida que o nome de Carol de Toni ganhou força entre os eleitores mais fiéis da direita catarinense — com direito a apoio público de Michelle Bolsonaro —, o projeto do filho “02” começou a murchar.
Michelle Bolsonaro, a madasta em chamas, resolveu bater de frente com o Carluxo pelo trono do papai. Tá defendendo a Carol de Toni e jogando o filho número 2 na fogueira santa da fofoca política. O barraco vai ser em nome do Senhor, mas o fogo é de cabaré! 🔥🤣 pic.twitter.com/77xLMxfbHd
— Senhora RIVOTRIL🚩❤️ (@SRivoltril) November 5, 2025
Hoje, o que resta é um racha aberto. Flávio Bolsonaro e Jorge Seif ainda defendem Carlos, mas a cúpula do PL catarinense já considera o plano politicamente inviável. O governador tenta conter os danos e adia definições para 2026, mas a rejeição a candidatos “importados” é evidente.
Santa Catarina, que por anos serviu como laboratório do bolsonarismo mais duro, agora parece disposta a virar essa página. A mesma base que acolheu os filhos do ex-presidente começa a rejeitar a tutela da família, num processo que revela o enfraquecimento de um projeto político que já não fala com a mesma autoridade nem entre seus próprios fiéis.
O estado que Bolsonaro e seus filhos trataram como refúgio político está, aos poucos, tornando-se o lugar onde sua influência perde fôlego — e onde o bolsonarismo, pela primeira vez, se volta contra a própria família que o personificava.
E a Campagnolo afirmando que Jorginho Mello autorizou ela a dizer que “a segunda vaga é da coligação (Esperidião Amin), que não vai lançar chapa pura”, hein?
“A Carol De Toni vai ter que sair do PL e ir para o NOVO”
“A chegada do Carlos desestabiliza o projeto de direita em… pic.twitter.com/4bszRgWA5r
— Allan dos Panos (@allandospanos) November 3, 2025