Como ser feliz segundo Heráclito

Atualizado em 21 de junho de 2011 às 15:02
Heráclito

Ocupe-se de pouco para ser feliz.

Esta é uma raras frases que sobraram de Heráclito, filósofo grego da Antiguidade. Quando a li, imediatamente a adotei para mim.

Mais na teoria que na realidade, para ser sincero.

Lembro dela exatamente quando estou fazendo o oposto do que Heráclito prescrevia – muita coisa. Minha mente vai ficando tumultuada, vou perdendo a paz e a concentração – e então Heráclito vem a mim.

Ele como que diz: menos coisas, Paulo.

Heráclito é absolutamente adequado para nossos dias. Comprei um iPhone, por exemplo. Nele posso checar os emails no meio da noite, se quiser. Ou ver os recados no Facebook. Ou  colocar uma foto nova no Instagram. Ou tantas outras coisas.

Dias atrás, me vi lendo os comentários insultuosos que deixaram em massa para mim no Facebook, conforme comentei outro dia. Era a turma neurastênica da Marcha pela Ética, que ficara incomodada com um texto meu.

Heráclito me reprovaria. Claro.

Não só ele. Em seu esplêndido ensaio Sobre a Tranquilidade da Alma, Sêneca conta a história de um sábio que não lia sua correspondência a patir de um determinado ponto da tarde, para que sua serenidade não fosse perturbada por algum fato ruim.

Facebook? Uma vez por dia, ou uma vez a cada dois dias. Por tempo limitado: 30 minutos, por aí. Emails no meio da noite? Nunca mais.

Se acordo, melhor que reconquiste o sono lendo o livro que interrompi antes de dormir.

Muitas pessoas se orgulham, hoje, de que podem fazer várias coisas ao mesmo tempo. É verdade e não é. É verdade que você pode fazer. Mas não é verdade que você pode fazê-las bem. Você olha uma mesa de bar e vê gente teclando. É claro que aquela pessoa não está sendo a melhor companhia.

Heráclito está certo.

Ocupe-se de pouco para ser feliz.