Como surgiu a teoria conspiratória estúpida sobre os Beatles e Adorno — que, na realidade, odiava a banda

Atualizado em 7 de setembro de 2019 às 18:54

O astrólogo de porta de hospício Olavo de Carvalho viralizou com um vídeo em que faz uma revelação espetacular.

“Vou investigar, mas me parece verdadeiro pelo contexto: os Beatles eram semianalfabetos em música. Mal sabiam tocar violão”, falou.

“Quem compôs as canções foi o Theodor Adorno. É tudo celebração de LSD, das drogas. Eram satanistas”.

Adorno é um dos principais integrantes da Escola de Frankfurt, grupo de cientistas sociais marxistas surgido nos anos 30 que teve grande influência no pós-guerra.

Eles viraram vilões da extrema direita por conta da maluquice porque seriam mentores do marxismo cultural.

Essa teoria conspiratória foi adotada por uma ampla gama de lunáticos fascistoides, como Ernesto Araújo e Anders Breivik, o terrorista que matou 77 na Noruega.

O site Rocknerd conta que a lorota sobre Adorno e os Beatles se originou num livro chamado “The Committee of 300”, de um suposto ex-agente do MI6, o serviço secreto inglês.

Adorno seria o cérebro por trás da invasão das bandas britânica nos anos 60.

O objetivo dos comunistas malvados era corromper a fibra moral da juventude e seus preciosos fluidos corporais e, deste modo, inocular em seus corpos e mentes o vírus do socialismo.

Na vida real, onde Olavo e seus cachorros não moram, Adorno odiava rock, jazz e tudo o que considerava alienador de lixo manufaturado.

Desprezava os quatro rapazes de Liverpool.

“O que se pode dizer sobre os Beatles”, declarou numa entrevista de 1965, “é simplesmente que o que eles têm a oferecer é algo que é retardado em termos de seu próprio conteúdo”.

“Os meios de expressão que são empregados aqui são, na realidade, não mais do que técnicas tradicionais apresentadas de uma forma degradada.”

Adorno morreu em 1969 fã do chato Schoenberg.

Teria se dado muito bem com o eremita da Virgínia.

“Vamos de lalalala, não papapa, guys. Ouçam o tio Adorno, porra”