Como Trump, o Fed e o Brasil influenciaram queda de 10% do dólar em 2025

Atualizado em 30 de dezembro de 2025 às 16:56
Dólar. Foto: Divulgação

Em 2025, o dólar sofreu uma queda significativa de 10,29% frente ao real, o maior recuo registrado em quase uma década. Esse movimento reflete não apenas as mudanças nas políticas dos Estados Unidos, mas também os fatores econômicos internos no Brasil.

Ao longo do ano, a moeda norte-americana foi impactada pela cautela de Donald Trump, que, ao invés de adotar medidas mais agressivas de aumento de tarifas, como o mercado esperava, preferiu um ritmo mais gradual de políticas.

Isso contribuiu para uma desvalorização de 7,4% até o final do primeiro trimestre, com o dólar começando o ano a R$ 6,16. As tarifas de importação, anunciadas por Trump em abril, geraram uma breve valorização do dólar, mas o efeito foi temporário.

Leonel Mattos, analista da StoneX, destaca que “Trump começou o ano com mais cautela, promovendo mudanças graduais até o choque tarifário de abril. Isso acabou prejudicando a moeda norte-americana”. A incerteza gerada por essas políticas levou muitos investidores a revisar suas posições, o que aumentou a pressão de venda da moeda e aprofundou sua desvalorização.

Além disso, o Federal Reserve (Fed), banco central dos EUA, também teve um papel importante. As expectativas de cortes agressivos nas taxas de juros foram substituídas por um movimento mais gradual, com o primeiro corte de 0,25 ponto percentual ocorrendo apenas em setembro.

Bruno Shahini, especialista da Nomad, aponta que “a pressão econômica, principalmente do mercado de trabalho, e as incertezas políticas influenciaram essa decisão”. O corte de juros fez com que investidores procurassem mercados emergentes, como o Brasil, em busca de melhores retornos, favorecendo a valorização do real.

Gráfico da variação do dólar. Foto: G1

No Brasil, fatores internos também impulsionaram a valorização do real. A taxa de juros elevada, o maior nível em 20 anos, atraiu investidores estrangeiros em busca de rendimentos elevados. Marcos Weigt, do Banco Travelex, explica que “o Brasil tem uma das maiores taxas de juros reais do mundo, o que atrai recursos e mantém o real valorizado”.

Além disso, o compromisso do presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, com o controle da inflação e a meta de 3%, contribuíram para a confiança do mercado. Apesar das preocupações iniciais com a situação fiscal, o Brasil conseguiu manter um cenário mais estável ao longo de 2025.

Analistas apontam que a desaceleração da economia americana pode continuar influenciando as políticas monetárias, e a escolha do novo presidente do Fed, prevista para 2026, poderá adicionar mais volatilidade ao mercado.

Para o Brasil, a atenção se volta para o ano eleitoral e a expectativa de cortes de juros pelo Banco Central, fatores que terão impacto significativo nos preços e nas decisões dos investidores.

A análise da política fiscal também se tornará um tema crucial no Brasil à medida que se aproxima o ano eleitoral. “O mercado está ignorando a situação fiscal por enquanto, mas no ano que vem isso deve pesar mais nos preços”, alerta Shahini.

Guilherme Arandas
Guilherme Arandas, 27 anos, atua como redator no DCM desde 2023. É bacharel em Jornalismo e está cursando pós-graduação em Jornalismo Contemporâneo e Digital. Grande entusiasta de cultura pop, tem uma gata chamada Lilly e frequentemente está estressado pelo Corinthians.