Condenado por fraude e agressão: quem é o empresário bolsonarista que desfila armado pedindo golpe

O empresário José Sabatini, de 71 anos, já é uma figura conhecida na internet. Apoiador do presidente Jair Bolsonaro (PL), ele publicou um vídeo nesta semana em que lambe o cano de uma arma e pede que seja aplicado um golpe no “Congresso e no Supremo” quando o candidato “colocar a faixa de vencedor das eleições”.

Outra gravação mostra o bolsonarista caminhando pelas ruas do Centro de São Paulo com a mesma arma na mão.

“Estamos na luta aí, Bolsonaro. Vou mandar um recado para você. Recado não, é uma ordem que eu estou te dando: quando você colocar a faixa de vencedor das eleições você vai dar um golpe no Congresso e no Supremo”, diz ele.

Sabatini é empresário no ramo de serviços hidráulicos, em Arthur Nogueira (SP), cidade a 121 km da capital, na região de Campinas. É dono da Exact Power Indústria Hidráulica junto com seu filho, Amilcar Donizeti Sabatini.

O bolsonarista já foi acusado no âmbito da Lei Maria da Penha por ter supostamente agredido a ex-mulher.

A briga ocorreu na manhã do dia 8 de dezembro de 2010, na empresa da família. Sabatini, na época com 59 anos, teria agredido sua ex-companheira Antonieta Sabatini, que contou aos policiais ter sido atingida no braço, no pescoço e na cabeça. Segundo ela, o filho do casal, Amilcar, entrou na sala e tentou defendê-la, mas também foi agredido.

O empresário ficou proibido de se aproximar da ex-mulher, dos familiares e da residência dela por ao menos 500 metros, durante a apuração do inquérito policial que investigou a suposta briga deles.

O Ministério Público de São Paulo (MPSP), contudo, ao analisar o inquérito policial entendeu que o arquivamento do procedimento “é medida que se impõe, porquanto os elementos de convicção colhidos são frágeis a embasarem uma ação penal”.

Em 2021, o empresário foi incluído em um processo de execução movido contra sua empresa, por ter sido comprovado nos autos que ele é sócio oculto da companhia.

Na decisão, o juiz da 1ª Vara Cível de Mogi Mirim considerou que ele era o responsável por um “acordo familiar milionário entabulado pelo executado JOSÉ SABATINI, sócio (oculto) da executada,resultou em desvio do patrimônio e ativos financeiros (contasbancárias, cartões), com único intuito de fraudar credores,levando o executado à insolvência, a despeito de ostentar padrão de vida deveras confortável.”

Apesar dos recursos intentados, o empresário não conseguiu reverter a decisão nas instâncias superiores.

Além de vídeos e postagens contra o Estado Democrático de Direito, ele já chegou a ameaçar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Em 2021, ele gravou um vídeo em que atira contra alvos em um clube de tiro enquanto manda um recado para o petista: “Você (Lula) vai ter problema”.

O PT prestou queixa à Justiça solicitando a prisão preventiva do agressor. Na ocasião, ocorreu a apreensão de um revólver e de uma espingarda calibre 12 dele, o qual já tinha várias ocorrências policiais por ações violentas.

“Lula, seu filha da puta, eu quero dar um recado para você, hoje é sábado dia 13 de março, presta atenção no recado que eu vou dar para você seu vagabundo. (…) não tenta transformar o meu país em uma Venezuela. Eu vou derramar meu sangue, mas eu vou lutar pelo meu país. (…) Você vai ter problema, hein, cara”, afirmou à época.

Uma audiência de conciliação sobre o caso foi agendada no mês passado entre os representantes do petista e os de Sabatini. A defesa de Lula pediu R$50 mil por danos morais argumentando que a pena provocaria um “efeito pedagógico” e, portanto, atitudes semelhantes seriam reprimidas.

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