PUBLICADO NO FACEBOOK DO AUTOR
Eu acabo tendo de admitir ser impossível convencer:
As pessoas irracionais a adotarem um pensamento lógico;
O ignorante a desejar o conhecimento;
O religioso a ter uma consciência crítica;
O “crente fanático” a aceitar as verdades reveladas pela ciência;
O inculto a ter o habito da leitura;
O idiota a usar o celular para aprimorar seus conhecimentos;
O analfabeto político a distinguir e saber o que é fascismo, nazismo, social democracia, socialismo, comunismo;
O jovem de que ele pode ser rebelde e contestar os velhos valores das gerações passadas;
Os liberais de que o livre mercado não distribui, mas leva à concentração da renda;
Os telespectadores de que as emissoras de televisão são empresas as quais são sustentadas pelas outras empresas que nelas anunciam e, por conseguinte, defendem os interesses da classe empresarial e não os dos trabalhadores.
Os egoístas de que os outros devem ter os mesmos direitos e regalias que eles;
O pobre ingênuo de que a sociedade é dividida em classes e que elas têm interesses antagônicos;
O explorado de que ele precisa tomar consciência do processo de exploração a que está submetido;
O defensor da liberdade na sociedade capitalista de que esta liberdade é mais abstrata do que real, na medida em que só as classes mais favorecidas dela podem efetivamente usufruir;
O alienado de que não há pais sem governo e que não há governo sem política, sendo a sua indiferença muito útil para a manutenção de governos déspotas;
O defensor da violência estatal ou policial de que, em um país civilizado, quem julga os suspeitos da prática de crime deve ser um juiz imparcial e não o agente que com ele está em conflito;
O antidemocrata de que só o governo da leis, e não o governo dos homens, é capaz de garantir minimamente a nossa liberdade, o nosso patrimônio, a nossa integridade física e a nossa própria vida.
A mim mesmo de que esta minha lista aqui seria interminável, tão grande é o obscurantismo em nossas sociedades atuais.
Entretanto, apesar das dificuldades acima elencadas, termino gritando de que é preciso convencer o eleitor do capitão truculento e fujão de que estamos nos aproximando de uma séria e perigosa convulsão social e que não podemos aceitar que o nosso país seja governado por uma pessoa tão despreparada e com ideias tão desumanas.
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Afranio Silva Jardim, professor de Direto da Uerj