”Confiança quebrada”, diz Amorim sobre negativa do Brasil em apoiar entrada da Venezuela no BRICS

Atualizado em 25 de outubro de 2024 às 7:02
Celso Amorim, assessor especial da Presidência, que comentou a recente decisão do Brasil de rejeitar a entrada da Venezuela no BRICS – Foto: Reprodução

A confiança entre Brasil e Venezuela sofreu um abalo significativo, disse Celso Amorim ao comentar a decisão do Brasil de rejeitar a entrada da Venezuela no BRICS. Amorim explicou que essa posição se baseia na “quebra de confiança” entre os governos, e não em critérios de democracia. “Não se trata de democracia, mas de confiança que foi quebrada”, afirmou o assessor especial da presidência em entrevista ao Globo, destacando que o impasse vai além das questões políticas.

Amorim relatou que o governo de Nicolás Maduro havia prometido entregar as atas eleitorais do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), trazendo maior transparência às eleições da Venezuela. No entanto, essa promessa não foi cumprida, o que, segundo ele, gerou “uma quebra de confiança grave”.

Cúpula do BRICS

Durante a cúpula do BRICS em Kazan, Rússia, a decisão do Brasil de não apoiar a entrada da Venezuela foi respeitada até por aliados, como a Rússia e a China, que, inicialmente, eram favoráveis.

Nicolás Maduro, presidente da Venezuela, na Cúpula dos BRICS – Foto: Reprodução

Conforme fontes do governo brasileiro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) também estaria esgotado com a situação sobre a Venezuela. “Lula não quer mais ouvir sobre a Venezuela enquanto persistirem essas omissões”, afirmou uma dessas fontes, indicando que o Brasil deve adotar uma postura de distanciamento frente ao governo de Maduro a partir de janeiro.

Desastre

Analistas em Caracas avaliaram a ida de Maduro a Kazan como desastrosa, já que ele falhou em obter apoio para a entrada de seu país no grupo.

Embora Rússia e China apoiassem a inclusão da Venezuela, aceitaram a posição brasileira e consideraram “inoportuna” a entrada do país no BRICS. Na reunião, foi aprovada a inclusão de novos parceiros, como Turquia e Indonésia, em uma categoria especial sem direito a voto.

Ainda que Maduro continue tentando ingressar no BRICS, a expectativa é de que essas tentativas sejam em vão. Fontes da delegação brasileira também enfatizam que, até que o governo de Maduro cumpra suas promessas, o Brasil permanecerá firme em sua posição de distanciamento e cautela diplomática.

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