Por Leonardo Sakamoto
Caso Mauro Cid – caixa eletrônico de primeira-dama, hacker de cartões de vacina, serviço de atendimento a oficiais golpistas e assessor para ataques à urna eletrônica – confirme que entregou a Jair Bolsonaro o dinheiro oriundo da venda de um Rolex doado ao Brasil a mando do próprio, a Polícia Federal vai precisar pedir urgentemente ao Supremo Tribunal Federal a apreensão do passaporte do ex-presidente. Para evitar uma fuga para o exterior.
O novo advogado do tenente-coronel, Cezar Bitencourt, afirmou à revista Veja que ele vai confessar que vendeu patrimônio público cumprindo ordens de Jair. E, de lambuja, dirá que adulterou os cartões de vacinação. Imagine o que pode revelar sobre o seu serviço de saque e depósito de grana para Michelle se estiver com vontade de falar.
Como está preso desde o dia 3 de maio, mantendo-se quieto diante da Polícia Federal e da CPMI dos Atos Golpistas, Cid pode estar engasgado com o sentimento de abandono por parte do ex-patrão. A gota d’água para abandonar a lealdade cega a Jair pode ter sido a operação de busca e apreensão contra seu pai, o general Mauro Lourena Cid, apontado como parte do esquema de lavagem de joias, o que manchou sua reputação.
Com a confissão, que vai colocar Bolsonaro como chefe de uma quadrilha de militares que contrabandearam, desviaram e venderam joias doadas ao Brasil por governos árabes, corre o risco de o ex-presidente se escafeder do país. Porque, afinal das contas, cresce a chance de um xinlindró.
Vale lembrar que Jair tem experiência em fugas. No dia 30 de dezembro, pegou um avião e abandonou o cargo dois dias antes do fim do mandato, menos por não querer entregar a faixa a Lula e mais pelo medo de ser responsabilizado pelos atos golpistas planejados para o 8 de janeiro.
Eu já indaguei aqui se ele enfrentaria a cana como fez o petista ou buscaria asilo político em algum país com governo de extrema direita e sem acordo de extradição com o Brasil vendendo a narrativa de estar sendo “perseguido”?
A Polícia Federal não pode pagar para ver a resposta. É compreensível se não quiser pedir uma prisão cautelar neste momento da investigação, preferindo reunir mais provas inquestionáveis, mas é necessário confiscar o passaporte de Bolsonaro e da diretora do PL Mulher e ex-primeira-dama, além de solicitar medidas para proibir que ele saia do país através de aeroportos e postos de fronteira.
Na esteira do escândalo das joias, os deputados federais Jandira Feghalli (PC do B-RJ) e Rogério Correia (PT-MG) já pediram às autoridades e à CPMI dos Atos Golpistas que apreendam os documentos de viagem dos dois.
Durante operação de busca e apreensão na casa do ex-presidente por conta de outro escândalo, o de hackeamento dos registros de vacina contra a covid-19, o ministro Alexandre de Moraes já havia autorizado a apreensão do passaporte. A PF, no entanto, considerou que não seria preciso naquele momento.
Originalmente publicado no Uol
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