
Entre os 350 alvos da Operação Carbono Oculto, que mobilizou a Polícia Federal, o Gaeco, a Receita e a Polícia Militar nesta quinta-feira (28), está a Reag Investimentos, uma das maiores gestoras independentes de recursos do país. A empresa, listada na B3, foi alvo de mandados de busca e apreensão em meio à investigação que apura a infiltração do Primeiro Comando da Capital (PCC) em negócios da economia formal, especialmente no setor de combustíveis e em fundos de investimento.
Fundada em 2012 por João Carlos Mansur, a Reag cresceu de forma acelerada na última década, diversificando sua atuação por meio de aquisições e ampliando sua presença no mercado.
No início deste ano, ingressou oficialmente na Bolsa de Valores em uma operação de IPO reverso, ao assumir a empresa de serviços digitais GetNinjas, que foi transformada na nova plataforma de investimentos do grupo. Desde então, a companhia está listada no Novo Mercado, segmento que exige padrões mais rigorosos de governança corporativa.
Segundo a força-tarefa da Carbono Oculto, cerca de 40 fundos estariam sob suspeita de serem usados para movimentações financeiras ligadas ao PCC. Na manhã desta quinta, agentes chegaram à sede da Reag, localizada na alameda Gabriel Monteiro, na zona oeste da capital paulista, e também cumpriram mandados em três endereços da avenida Faria Lima, onde se concentram grandes empresas financeiras.

Apesar da pressão das investigações, a empresa vinha apresentando crescimento financeiro. Depois de registrar prejuízo líquido de R$ 2,1 milhões no primeiro trimestre de 2023, a gestora reportou lucro líquido de R$ 2,9 milhões no primeiro trimestre de 2024.
Os números consolidados do ano passado ainda não foram divulgados. Além de sua atuação no mercado financeiro, a Reag também se aproximou do setor cultural ao patrocinar o tradicional Cine Belas Artes, um dos cinemas de rua mais conhecidos de São Paulo.
As operações da Reag se expandiram para diferentes frentes do setor. A Reag Asset Management é responsável pela gestão de fundos de investimento, como Fidcs (Fundos de Investimento em Direitos Creditórios) e fundos imobiliários. A Reag Administradora de Recursos trabalha com carteiras de títulos e valores mobiliários. A Empírica Investimentos, adquirida pelo grupo, é especializada em crédito estruturado e figura entre as maiores do Brasil, com R$ 25 bilhões sob gestão.
Outro braço do conglomerado é a Reag Trust, rebatizada como Companhia Brasileira de Serviços Financeiros (Ciabrasf), que nasceu da estrutura da GetNinjas.
Listada na B3 em fevereiro deste ano, a companhia atua na administração de fundos e serviços fiduciários, sendo uma das principais gestoras de FIPs, Fidcs e fundos multimercado no país. Além dessas, o portfólio inclui empresas como Rapier, Quadrante, Quasar, Hieron e Berkana, adquiridas para atuar em segmentos específicos como multimercados, ativos líquidos, crédito estruturado e private equity.
A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) já havia aberto processo para apurar possíveis irregularidades na aquisição da GetNinjas, após avaliar que a Reag demorou a comunicar ao mercado sua intenção de assumir o controle da empresa. Apesar disso, a gestora manteve sua estratégia de aquisições, consolidando-se como um dos maiores grupos independentes de gestão de ativos do país.