
Novas mensagens mostram que o empresário Meyer Nigri, investigado pela Polícia Federal (PF) por compartilhar conteúdo antidemocrático e fake news, costumava publicar textos que atacavam os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e que criavam dúvidas sobre a lisura do processo eleitoral.
Em agosto do ano passado, Nigri e outros empresários bolsonaristas defenderam em um grupo de WhatsApp um golpe de Estado caso Lula fosse eleito.
Na época, ele e os outros foram alvos da operação da Polícia Federal. O ministro Alexandre de Moraes, que autorizou a ação, arquivou a investigação contra seis empresários do grupo, mas estendeu o inquérito contra Nigri e Luciano Hang, o dono das Lojas Havan.
O motivo que levou Moraes a manter as investigações contra Nigri foi o elo dele com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). No ano passado, o empresário teria atendido a um pedido de Bolsonaro ao compartilhar um texto com ataques ao ministro Luís Roberto Barroso.
Segundo a coluna de Guilherme Amado, no Metrópoles, o empresário ainda ia além. No dia 1º de maio de 2022, Nigri enviou ao grupo dos empresários um texto afirmando que Bolsonaro não ganhou a eleição de 2018 no primeiro turno devido à atuação de hackers. “Mas não agiram da mesma forma no 2º turno porque o PT não lhes pagou a metade do prometido logo após o 1º turno”, dizia a mensagem.
Em 12 de maio, outra mensagem acusa os ministros do TSE de “falta de caráter” ao comentar o convite da corte para que os militares acompanhassem os procedimentos de segurança tomados para o processo eleitoral e um suposto recuo da corte.

O texto apontava que os ministros Luís Roberto Barroso, Edson Fachin e Alexandre de Moraes haviam classificado um inquérito sobre a ação dos hackers como sigiloso, e que o TSE agia para acobertar fraudes.
Outro texto enviado em grupos pelo empresário dizia que o ex-ministro José Dirceu não confiava nas urnas até Lula ser eleito pela primeira vez, em 2002. “Depois disso, aparelhado o TSE, toda a esquerda brasileira passou a defender o atual sistema”, afirmava a mensagem.

Em mais uma mensagem, Nigri compartilhou que os ministros do TSE tinham “falta de caráter e de respeito com o voto do povo” ao impedir os militares de atuarem na apuração eleitoral.
No dia 28 de maio, Nigri enviou um vídeo da produtora Brasil Paralelo, postado no Instagram pelo empresário Fabrizio Fasano Junior, e escreveu: “STJ pior que o PT!”.

Em 21 de junho, Nigri mandou arquivos de mídia com o texto: “Eis o enredo das eleições/2022. Você confia nos 3 min [ministros] do TSE/STF?”. Ele se referia a Barroso, Fachin e Moraes.
O empresário enviou, em 21 de julho, outro texto defendendo que militares fizessem a apuração paralela das urnas. “Estranhamente, sem qualquer justificativa, o ministro Fachin não aceitou essa sugestão para as eleições de 2022”, dizia o texto.
No dia 15 de agosto, Nigri compartilhou um texto assinado por uma falsa juíza e que classificava os ministros do STF como “a maior ameaça à nossa democracia”.

O juiz Marlos Melek, do Tribunal Regional do Trabalho da 9ª Região, que estava no grupo, desconfiou da veracidade do texto e alertou o empresário. “Se a colega realmente falou isso, violou todas as normas da Lei Orgânica da Magistratura e vai estar na rua amanhã”, escreveu.
Nigri respondeu dizendo que apenas repassou o texto. E Melek completou afirmando que não acreditava ser verdade.
Participe de nosso grupo no WhatsApp, clique neste link
Entre em nosso canal no Telegram, clique neste link