
O CEO global do Carrefour, Alexandre Bompard, enfrenta pressões internas após anunciar que a rede francesa deixará de comercializar carnes do Mercosul. A decisão, que gerou tensões diplomáticas com o Brasil, foi questionada por membros do conselho da empresa, especialmente por não ter sido previamente debatida. O Brasil é o segundo maior mercado do grupo, responsável por metade do lucro operacional da varejista no mundo. Com informações do Globo Rural.
Na última quarta-feira (20), Bompard declarou em suas redes sociais que a medida era uma resposta à “raiva e ao desânimo” de agricultores franceses. Ele ainda expressou o desejo de inspirar outros atores do setor agroalimentar. No entanto, a fala foi vista como um erro estratégico por executivos do setor e integrantes do próprio grupo, que acreditam que ele misturou interesses políticos com empresariais.

Informações indicam que a decisão foi tomada sem consultar formalmente o conselho de administração. Segundo fontes ligadas ao Carrefour, Bompard teria conversado apenas com pessoas de sua confiança antes de se posicionar publicamente. “Ele calculou mal a reação do mercado, mas na França ele foi bem recebido”, afirmou uma fonte próxima ao CEO.
A decisão provocou retaliações imediatas. A JBS, maior exportadora de carne bovina do Brasil, suspendeu o envio de produtos para as lojas do Carrefour na França. O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, também entrou em contato com a JBS para tratar do assunto, enquanto o governo brasileiro exige um pedido público de desculpas de Bompard.
A Península Participações, empresa da família Diniz e segunda maior acionista do Carrefour, com 8,8% das ações, também demonstrou desconforto com as declarações do CEO. Fontes indicam que membros ligados à Península acreditam que, se Abilio Diniz ainda estivesse vivo, a crise teria sido mediada com mais habilidade. A ausência de uma liderança similar é apontada como um dos fatores que agravam o conflito.
Entre os 15 membros do conselho global do Carrefour, 13 são franceses, mas nem todos apoiam a postura de Bompard. Executivos experientes avaliam que sua fala passou do tom, criando um impacto negativo para o grupo em um momento sensível de negociações entre a União Europeia e o Mercosul. A percepção é de que interesses estratégicos da empresa foram negligenciados.
O Carrefour defendeu a decisão em comunicado, afirmando que a medida afeta apenas lojas na França e atende a uma demanda do setor agrícola local. A empresa ressaltou que a qualidade das carnes do Mercosul não foi questionada e que outros países continuam comprando produtos do bloco. Apesar disso, a crise permanece sem solução, com riscos de agravamento.
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