
De acordo com relatórios elaborados pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) sobre o esquema de rachadinha no gabinete de Carlos Bolsonaro (PL), vereador e filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o chefe de gabinete do político, Jorge Luiz Fernandes, pagou diversas de suas despesas pessoais, incluindo faturas de cartão de crédito, plano de saúde, impostos e multas de trânsito.
Entre 2012 e 2019, Fernandes pagou 23 contas que totalizaram R$ 27.929,66. No mesmo período, a única transferência online identificada de Carlos para Jorge foi de R$ 8 mil em dezembro de 2011.
A análise foi realizada pelo Laboratório de Combate à Lavagem de Dinheiro e Corrupção do MP-RJ, utilizando uma amostragem aleatória de documentos, e indica que o número real de transações pode ser ainda maior.
Fernandes já era investigado por suspeita de ser o operador do esquema de rachadinha no gabinete de Carlos. De acordo com a quebra de sigilos, ele recebeu mais de R$ 2 milhões de seis funcionários nomeados pelo vereador na Câmara do Rio de Janeiro.
A investigação também recebeu autorização da 1ª Vara Criminal Especializada do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ) para quebrar os sigilos fiscal e bancário do filho “02” de Jair Bolsonaro e de seus assessores entre 2005 e 2021.

A 3ª Promotoria de Justiça de Investigação Penal Especializada está apurando crimes de peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa no gabinete de Carlos. O relatório obtido é datado de 22 de agosto de 2023.
Segundo o Estadão, Fernandes é investigado pelo Ministério Público por receber depósitos de outros servidores que somam no total R$ 2 milhões. Além dele, a sua mulher também é contratada no gabinete de Carluxo e suspeita de participar do esquema.
Fernandes é amigo da família há pelo menos 25 anos e foi funcionário de Bolsonaro em Brasília antes de ser tutor de Carlos. Ele ocupa a vaga de conselheiro do filho do ex-mandatário desde 2001, quando o vereador assumiu, aos 18 anos, o primeiro mandato. A partir de 2018, passou a chefiar o gabinete.
A equipe do gabinete do vereador foi completada com a nomeação da mulher de Fernandes para uma das vagas comissionadas. Regina Célia Sobral Fernandes foi citada pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) como uma das funcionárias que fez depósitos na conta do chefe de gabinete. Segundo os procuradores, ela recebeu um salário bruto médio de R$ 7,4 mil.
Ainda em Brasília, o militar reformado atuou por seis meses como assessor do então deputado federal Jair Bolsonaro, função que exerceu de julho de 1999 a dezembro de 2001.