Contra tarifaço de Trump, senadores brasileiros se reúnem com multinacionais dos EUA

Atualizado em 28 de julho de 2025 às 18:07
Donald Trump anunciando o tarifaço. Foto: reprodução

Uma comitiva de senadores brasileiros realizou nesta terça-feira (29) reuniões estratégicas em Washington D.C. com representantes de grandes corporações estadunidenses que operam no Brasil, em busca de apoio para reverter as tarifas de 50% impostas pelo presidente Donald Trump a produtos brasileiros. O encontro ocorreu na U.S. Chamber of Commerce, principal entidade empresarial dos Estados Unidos.

Com a Casa Branca mantendo-se fechada a negociações diretas com o governo brasileiro, os parlamentares apostam na pressão do setor privado estadunidense para amenizar o impacto das medidas que entram em vigor em 1º de agosto. Entre as empresas presentes estavam gigantes como Shell, Exxon Mobil, Merck, Johnson&Johnson, Dow, Cargill, Caterpillar, Novelis, IBM e DHL.

“Assim como tem acontecido a outros governos atingidos por tarifa, o Brasil está dependendo dos empresários estadunidenses para abrir canais de negociação com a Casa Branca”, explicou Gabrielle Trebat, diretora de Brasil e Cone Sul da McLarty Associates e ex-funcionária do Departamento do Tesouro dos EUA.

A especialista, com 25 anos de experiência em comércio bilateral, ressaltou que nenhum outro país recebeu taxação tão elevada na recente onda protecionista de Trump.

Sede do Federal Reserve, em Washington. Foto: Leah Millis/File Photo/Reuters

O petróleo cru lidera as exportações brasileiras para os Estados Unidos, com US$ 2,4 bilhões em vendas no primeiro semestre de 2025, seguido por semi-acabados de ferro e aço (US$ 1,5 bilhão) e derivados de petróleo (US$ 830 milhões). Setores como o farmacêutico demonstram particular preocupação com possíveis retaliações brasileiras que poderiam incluir a quebra de patentes de medicamentos – medida com precedentes históricos no país.

Segundo fontes próximas às negociações, muitas dessas empresas já haviam manifestado preocupação ao governo brasileiro sobre os impactos das tarifas e foram orientadas a levar suas críticas diretamente às autoridades estadunidenses.

A Novelis, que importa alumínio brasileiro, e a Cargill, com forte atuação no agronegócio, estão entre as corporações potencialmente mais afetadas pelas novas barreiras comerciais.

O governo brasileiro mantém cautela sobre possíveis medidas de retaliação, que só devem ser anunciadas após a efetiva implementação das tarifas.