Contribuinte brasileiro paga salário para os filhos de Bolsonaro trabalharem exclusivamente pelo pai. Por Donato

Atualizado em 29 de novembro de 2018 às 9:53
Clã Bolsonaro: (da esquerda para direita) Carlos, Flávio, Jair e Eduardo posam para foto em Taiwan (Reprodução/Página do perfil de Bolsonaro no Facebook/Divulgação)

Flavio Bolsonaro, o zero um, é deputado estadual e foi eleito senador; Carlos, o zero dois, é vereador; O zero três Eduardo Bolsonaro é deputado federal.

Todos foram eleitos para trabalhar pelo povo. Um deputado federal, por exemplo, deve propor, discutir e autorizar leis, aprovar ou reprovar medidas provisórias estabelecidas pelo presidente da República. É o representante do povo na Câmara dos Deputados.

Já um deputado estadual precisa decidir sobre serviços públicos como hospitais e escolas, sobre privatização de empresas públicas do Estado, debruçar-se sobre aumentos, reduções e isenções de impostos estaduais como ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços), IPVA, ITCMD (sobre heranças), e por aí vai.

E o senador? É responsabilidade dele discutir novas leis e normas, estabelecer alterações na Constituição, aprovar a escolha de ministros do STF, do Tribunal de Contas, dos diretores do Banco Central e da PGR. É papel dele ainda avaliar os projetos que já passaram por votação na Câmara dos Deputados e fazer as alterações que considerem necessárias antes que o documento chegue às mãos do presidente da República.

Pois bem, “no tocante” aos filhos de Bolsonaro, nada disso está sendo feito. Eles foram eleitos para essas atribuições, mas são vistos noite e dia – há muitos e muitos meses – como papagaios de pirata do pai ou trabalhando exclusivamente para ele desde a pré campanha.

Eduardo (aquele que de tão grudado foi junto com o pai até o microfone no dia da votação pelo impeachment de Dilma Rousseff e fez coro durante a homenagem ao torturador Ustra) estava nos Estados Unidos até ontem, como ‘enviado especial’ do presidente eleito, ostentando um boné ‘Trump 2020’ e curtindo festa de aniversário de Steve Bannon.

Carlos Bolsonaro passou os últimos meses cuidando 24 horas por dia da comunicação da campanha do pai. Flavio é figura carimbada atrás do ombro do genitor onde quer que uma câmera e um microfone estejam ligados. Quando eles trabalham para o que foram designados?

Nenhum dos três é pago pelo povo para aquilo que andam fazendo. Um vereador (Carlos) no Rio de Janeiro recebe R$ 18.991,68 . O salário de um deputado estadual (Flavio) é de R$ 25.300,00 . O de um deputado federal (Eduardo) é de R$ 33,76 mil, mas com o aumento sancionado irá para R$ 39,3 mil. É o mesmo para um senador, cargo que Flavio terá no próximo ano.

Fez as contas, leitor? Atualmente a brincadeira de passar o dia ao lado do papai está custando $78.051,68 ao mês (fora benefícios) ao bolso do contribuinte. Se considerar cota parlamentar, verba de gabinete e auxílios diversos, dá para aumentar o patrimônio familiar fácil.

Também são atribuições de deputados federais e senadores fiscalizar e controlar as ações do Poder Executivo. O chefe máximo do Executivo é o presidente da República. Um senador pode ainda processar e julgar o presidente em situações que envolvam crime de responsabilidade. Alguém em sã consciência acredita que os filhos, aqueles filhos, irão fiscalizar o pai?

Está bom assim, leitor? Enquanto a maioria da população precisa tirar seus filhos da escola e enviá-los a trabalhar desde cedo para garantir o sustento, a tradicional família brasileira bolsonarista é muito unida e muito bem paga pelos contribuintes.