O teólogo pela PUC-Rio, ativista e pastor auxiliar na Comunidade Batista em São Gonçalo, Ronilso Pacheco, destacou pelo Twitter que discutir com evangélicos não é o ponto principal nas eleições. De acordo com ele, é preciso buscar a consolidação do Nacionalismo cristão, reacionário, emergido de uma ideologia política de extrema-direita global descolada do fascismo tradicional para buscar mais efeitos:
Não adianta mais discutir os evangélicos, porque a questão não é mais sobre eles. A questão é sobre a consolidação do Nacionalismo cristão, reacionário, que emergiu como ideologia política de extrema-direita global descolada do fascismo tradicional. E o Brasil tá nisso.
Não há erro de pesquisas, mas muito erro de leitura e interpretação. Jornalistas, analistas políticos, comentaristas, se apegaram a uma forma arcaica de leitura das pesquisas, presos a variáveis tradicionais que cruzavam com os dados e pronto. Acho que não funciona mais.
Mesmo “evangélicos” custou para ser uma “variável” levada à sério, e quando passou a ser, tudo se resumia basicamente à “pauta moral”, “ausência do estado”, e “influência das lideranças evangélicas midiáticas”. No máximo, “evangélicos não são um grupo monolítico”.
Sem profundidade, não por incompetência, mas pela limitação imposta por um tema complexo do qual se sabia pouco ou nada, os analistas não saíram do trivial. Mas já não era mais sobre os evangélicos. Era sobre o país num movimento de nova ascensão de extrema-direita global.
Era sobre como Eduardo B. costurou relações com a extrema-direita dos EUA; como o governo se juntou ao “círculo de Viktor Orban”; como recuperaram o Israel reacionário idealizado como “Nação escolhida”; como tudo isto estava envolto no nacionalismo cristão como ideologia.
Esses elementos passaram batidos, faltou análise (houve poucas) e espaço para análise. Em nenhum lugar do mundo, um grupo nesse nível de reacionarismo fascista entra fácil no Senado em uma única eleição. O “espírito” foi soprado antes (e tem lavajatismo e antipetismo aqui).
Mas grande parte da imprensa (aquela preocupada com a democracia, claro) prefiria os “insights” de seus comentariastas. Assim, “extrema-direita”, “nacionalismo cristão”, “reacionarismo”, “alt-right”, “fundamentalismo transnacional”, “algorítimos”, nunca entraram na análise.
No entanto, no Brasil, mostrou-se muito ineficaz e assertivo olhar pesquisas e analisar política sem que esses novos marcos fossem considerados. A mobilização de votos e convencimento estavam atravessados por isso sim. E não apenas para evangélicos. É a sociedade brasileira.
Os esforços de organizações e fundações de fortalecimento de democracia que investiram financeiramente em iniciativas evangélicas progressistas foram realmente louváveis. Mas o que elas fariam sem referencial teórico, formação, mapeamento, cruzamento de dados? Nada. Bolhas.
“Conversar com os evangélicos” não surtirá efeito agora. Tem que conversar com e para a sociedade e desarmar essa ideologia reacionária, desfazer a captura do sentido da vida pela extrema-direita. Por que raios as pessoas estão se conectando com, e legitimando essa gente?
Por último, minha impressão é que esse 6 milhões de diferença não garante nada. Extrema-direita tem capacidade de mobilização, máquina e rede. Eu acho que a campanha de Lula vai ter de correr muito, muito mesmo. Vai ter meu voto e meu esforço, mas o cenário não é tranquilo.
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