Convocação de Heleno à CPI do 8 de Janeiro é “revanchismo”, diz Mourão

Atualizado em 26 de setembro de 2023 às 21:36
Senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS). Foto: Evaristo Sá/AFP

O senador e ex-vice-presidente da República, Hamilton Mourão (Republicanos-RS), expressou sua opinião sobre a convocação do General Augusto Heleno para testemunhar na CPI do 8 de Janeiro, que ocorreu nesta terça-feira (26).

Ele caracterizou essa ação como “revanchismo” e destacou que isso poderia ameaçar a relação entre as Forças Armadas e o governo Lula. Para o senador, é hora do governo “virar a página” e deixar para trás essa fase da história.

Durante seu depoimento à CPI, Heleno enfatizou que nunca discutiu questões políticas em sua atuação no Gabinete de Segurança Institucional (GSI). Além disso, ele ressaltou que não estava em posição de oferecer esclarecimentos sobre os eventos ocorridos em 8 de janeiro, que incluíram a invasão e a depredação da sede dos três poderes.

Mourão argumentou que a CPI deveria se concentrar exclusivamente nos acontecimentos daquele dia e que a convocação de seu ex-colega de governo era desnecessária. Ele citou o episódio como uma luta política em busca de vingança.

O político também observou que a convocação de generais, como Heleno e Braga Netto, poderia aumentar as tensões entre o governo e as Forças Armadas, especialmente entre os militares da reserva que exercem pressão sobre os ativos.

A revelação da delação premiada de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, que alegou ter participado de reuniões entre o ex-presidente Jair Bolsonaro e líderes militares para discutir um golpe de estado, levou a CPI do 8 de janeiro a ouvir mais militares, incluindo Heleno. Antes disso, a expectativa era que apenas o ex-ministro da Defesa, Walter Braga Netto, fosse convocado.

General da reserva Augusto Heleno. Foto: Igo Estrela

O senador também expressou sua insatisfação com as alegações feitas pela deputada Duda Salabert (PDT-MG), que acusou Heleno de liderar uma operação militar no Haiti que resultou em vítimas civis. Mourão classificou tais acusações como infundadas e destacou a importância de que os membros da CPI tenham um entendimento adequado do papel exercido pelas Forças Armadas.

Mourão criticou as tentativas de conectar Bolsonaro aos ataques de 8 de janeiro. Segundo ele, não existem evidências concretas da participação do ex-presidente nas articulações de golpe. “É vergonhoso… indiciar o Bolsonaro com base em quê? Tem que aparecer uma prova concreta de que o Bolsonaro financiou, exortou e planejou, preparou os acontecimentos de 8 de janeiro. Ele não fez isso”, contestou o ex-vice-presidente.

Apesar disso, Bolsonaro e sua cúpula têm a ciência que os depoimentos de Cid e do hacker Walter Degatti Neto serão utilizados para tentar incriminá-lo nos crimes ocorridos. Mourão, porém, questionou a veracidade das falas do hacker e disse que sua credibilidade é a “mesma de uma nota de 3 reais”. A expectativa é de que o relatório final da CPI seja entregue pela senadora Eliziane Gama (PSD-MA) no dia 17 de Outubro.

Participe de nosso grupo no WhatsApp, clicando neste link
Entre em nosso canal no Telegram, clique neste link