COP29: países fecham em US$ 300 bi para financiar o combate às mudanças climáticas

Atualizado em 23 de novembro de 2024 às 21:18
Participantes passam pelo logotipo da COP29 durante a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP29) em Baku – Foto: AFP

Neste sábado (23), após um dia de negociações extras, a COP29, realizada em Baku, capital do Azerbaijão, chegou a um acordo sobre um financiamento anual de US$ 300 bilhões para combater as mudanças climáticas. O valor, definido como parte de um esforço global, ficou abaixo da meta de US$ 1,3 trilhão pleiteada pelos países em desenvolvimento. A decisão foi recebida com críticas, especialmente de representantes de nações mais vulneráveis.

O montante aprovado é maior que os US$ 250 bilhões propostos no rascunho anterior, mas ainda é considerado insuficiente. Mohamed Adow, do Power Shift Africa, criticou o acordo, chamando-o de “traição aos países em desenvolvimento”. Delegações de pequenos estados insulares chegaram a abandonar as negociações em protesto, afirmando que suas demandas não foram atendidas.

A representante da Índia se opôs formalmente ao documento final, enquanto a Bolívia classificou o acordo como um símbolo de “injustiça climática”. Outros negociadores, como o da Nigéria, ironizaram o valor acordado. A COP29 também teve tensão após a Arábia Saudita alterar textos oficiais, o que gerou insatisfação entre delegações.

Apesar das divergências, a conferência reafirmou o compromisso com o mercado global de carbono, previsto no Acordo de Paris. Os créditos de carbono são gerados em projetos que reduzem emissões, sendo comprados por países ou empresas que precisam cumprir metas climáticas. No entanto, muitos questionam se isso será suficiente para frear os efeitos das mudanças climáticas.

A COP29 é chamada de “COP das Finanças” por seu foco no Novo Objetivo Coletivo Quantificado de Financiamento Climático (NCQG). Esse instrumento substitui a meta de US$ 100 bilhões anuais prometidos pelos países desenvolvidos em 2020, que não foi cumprida. Agora, busca-se criar uma base mais robusta para enfrentar o desafio climático.

Especialistas alertam que trilhões serão necessários nos próximos anos para lidar com o aumento das temperaturas globais. Natalie Unterstell, do Instituto Talanoa, destacou que “a falta de clareza no financiamento compromete o apoio aos países em desenvolvimento após 2025, prejudicando o Acordo de Paris”.

O presidente da COP29, Mukhtar Babayev, foi alvo de críticas por sua ligação com a indústria petrolífera, algo que levantou debates sobre a imparcialidade da liderança do evento. Babayev trabalhou por décadas na estatal de petróleo do Azerbaijão, o que intensificou a insatisfação entre ambientalistas e ONGs presentes.

Mukhtar Babayev

A próxima COP será realizada em Belém, no Brasil, em 2025.

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