COP30: Ativista alvo do Japão elogia Lula e diz se sentir seguro no Brasil

Atualizado em 11 de novembro de 2025 às 7:10
Paul Watson, ativista contra a caça de baleias. Foto: Reprodução

O ativista canadense Paul Watson, fundador da Sea Shepherd e cofundador do Greenpeace, disse ao Globo durante a COP30, em Belém, que “se sente seguro no Brasil”. Alvo de um pedido de extradição do Japão por suas ações contra a caça de baleias, ele elogiou o presidente Lula (PT), mas criticou a exploração de petróleo na Foz do Amazonas. Confira:

O senhor passou décadas defendendo as baleias e a vida marinha, muitas vezes se colocando em situações perigosas. O que o motiva a continuar?

A constatação de que, se não protegermos a diversidade e a interdependência das espécies no oceano, o oceano vai morrer. E se o oceano morrer, nós morremos. Desde 1950, houve uma diminuição de 40% do fitoplâncton no mar — que fornece 70% do oxigênio que respiramos. E uma das razões para essa diminuição do fitoplâncton é a diminuição das baleias, dos golfinhos e de outras criaturas que fornecem os nutrientes e elementos de que o fitoplâncton precisa — ferro, magnésio e nitrogênio. Então, quando você reduz esses animais, reduz também o processo de fertilização do fitoplâncton, porque tudo está interconectado.

O que o senhor acha de a COP30 estar acontecendo no Brasil?

Acho irônico que o Brasil esteja sediando essa conferência ao mesmo tempo em que quer perfurar petróleo na Foz do Amazonas. É cheio de contradições. Mas não é exatamente culpa do Lula, porque, em todo o mundo, nada pode ser resolvido somente pela política, por uma razão muito simples: a política é a arte do possível. Você faz o que é possível. E tomar qualquer decisão realmente transformadora sem apoio popular pode ser suicídio político. (…)

Às vésperas da COP, o governo japonês pediu sua extradição, sob a acusação de ataques que o senhor teria feito contra embarcações japonesas nas campanhas contra a pesca de baleias. Isso preocupa o senhor? 

Eles estão atrás de mim há 15 anos. O que realmente aconteceu é que nós envergonhamos o Japão com o programa de TV “Whale Wars”, e eles querem vingança. Fui colocado na lista vermelha da Interpol, mas em julho fui removido, quando reconheceram que a acusação tinha motivação política.

As acusações são de conspiração para invasão e obstrução de negócio. Ninguém se feriu e nada foi danificado, então, como fui parar na lista vermelha? É porque o Japão tem muito poder. A única coisa que foi danificada foi a reputação do país. Eu nem estava presente no incidente pelo qual estão me acusando, todo esse caso foi uma fabricação do governo japonês, que queria encontrar alguém para culpar.

Alguém do governo brasileiro assegurou que o senhor não seria extraditado?

Ninguém chegou a dizer isso abertamente, não. Só que não existe tratado de extradição entre o Brasil e o Japão, então, seria muito improvável que me prendessem, ainda mais depois de o próprio presidente Lula ter enviado uma mensagem de apoio a mim quando eu estava detido na Groenlândia (ano passado, pela acusação japonesa). Eu me sinto seguro no Brasil. (…)

O presidente Lula durante discurso de abertura na sessão plenária da Cúpula do Clima, em Belém (PA). Foto: Reprodução

Seminário Pós-COP:  O Brasil diante das transformações globais 

24 de novembro de 2025  (segunda-feira); sessões às 10:00-12:30 e 19:00-21:30 

FESPSP – Rua General Jardim, Vila Buarque, São Paulo/SP 

Garanta sua vaga: https://poscop.org/ 

Sessão da Manhã (10:00-12:30) 

Aldo Fornazieri (Professor da FESPSP, Cientista Político) – abertura da sessão 

Ricardo Abramovay (Professor Sênior, Instituto de Energia e Ambiente, USP) 

Gabriel Ferraz Aidar (Superintendente de Planejamento e Pesquisa Econômica, BNDES) 

Alexandre Ramos Coelho (Coordenador do MBA em Geopolítica da Transição Energética, FESPSP)

Sessão da Noite 19:00-21:30

Painelistas confirmados:

Aldo Fornazieri (Professor da FESPSP, Cientista Político) – abertura da sessão

Paulo Teixeira (Ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar)  

Luciana Aparecida da Costa (Diretora de Infraestrutura, Transição Energética e Mudança Climática, BNDES)

Juliano Medeiros (Historiador e Professor Convidado da FESPSP) 

Uma parceria DCM + FESPSP para debater o futuro climático do Brasil com rigor acadêmico e compromisso social. https://poscop.org/