
Com menos de 30 mil habitantes e um PIB per capita de R$ 54.911, superior ao de Belo Horizonte, Coromandel, no Alto Paranaíba, Minas Gerais, é uma das principais regiões diamantíferas do Brasil. Autorizada pela Agência Nacional de Mineração (ANM) para a extração legal, a cidade concentra cerca de 80 empresas e cooperativas com Permissão de Lavra Garimpeira (PLG), que operam em fazendas particulares e seguem rígidas regras ambientais e de certificação, como o processo Kimberley. A presença de centenas de kimberlitos, formações vulcânicas que trazem diamantes à superfície, garante a fama da região.
A relação dos moradores com as pedras preciosas é tão natural que alguns carregam pequenos diamantes nos bolsos como amuleto ou lembrança, especialmente aqueles de baixo valor comercial. O clima de segurança contribui para essa tranquilidade: segundo a Polícia Civil, em 2024 houve apenas três registros de roubo no município. A economia local também se beneficia da mineração responsável, que gera empregos e movimenta setores como comércio, hospedagem e transporte.
A cidade já produziu os três maiores diamantes do Brasil: o “Getúlio Vargas” (727 quilates, 1938), o “Darcy Vargas” (460 quilates, 1939) e o mais recente, de 646,78 quilates, encontrado em maio de 2025 no Rio Douradinho e avaliado em R$ 16 milhões. Esse último renderá cerca de R$ 320 mil em compensação financeira ao município. O garimpo, no entanto, é dominado por operações legalizadas e fiscalizadas, o que limita a atuação de garimpeiros independentes.
A regulamentação é reforçada pela Coopemg (Cooperativa de Pequenos e Médios Garimpeiros), que controla o acesso às áreas de exploração, exige filiação formal dos trabalhadores e proíbe práticas que degradem o meio ambiente. Fiscalizações da ANM são realizadas a cada seis meses para manter a legalidade e garantir a emissão de certificados para exportação. A presença de “forasteiros” tentando explorar ilegalmente é combatida por cooperativas e proprietários de terra, que veem na ordem e na formalização a garantia de segurança e sustentabilidade.

Embora o garimpo ainda desperte sonhos, moradores relatam que a atividade se tornou mais difícil e menos lucrativa para trabalhadores sem capital para investir em equipamentos. Para alguns, como o caminhoneiro Aloísio Baracho, os ganhos não compensam o esforço, enquanto outros, como a presidente da Coopemg, Denize Fernandes, defendem que a extração regulamentada ainda é uma importante fonte de renda e desenvolvimento para diferentes classes sociais.
O valor de um diamante é definido por fatores como peso em quilates, cor, transparência e pureza. Em Coromandel, essas gemas, além de impulsionarem a economia, moldaram a identidade cultural da cidade, que mantém viva a tradição garimpeira ao lado do avanço do agronegócio e do turismo.