Coronavírus: ritmo de contágio no Brasil é similar ao italiano e está acelerando. Por Charles Nisz

Atualizado em 20 de março de 2020 às 23:31
Domingo na avenida Paulista em meio à pandemia de coronavírus – Foto: Roberto Parizotti

A curva de evolução de casos do coronavírus no Brasil tem padrão similar ao de países como Itália e Espanha, segundo estudo do Observatório Covid-19, composto por sete universidades (USP, Unicamp, Unesp, UnB, UFABC, Berkley-EUA e Oldenburg-Alemanha).

O agravante no caso brasileiro é que há mais casos confirmados no mesmo período de tempo, fazendo supor que o pico no Brasil será pior que na Itália.

Em 22 de fevereiro, vigésimo-terceiro dia desde o início da epidemia, a Itália contava 155 casos confirmados e três mortes pelo Covid-19.

Já no Brasil, o primeiro foi confirmado em 26 de fevereiro.

Chegamos ao vigésimo-quarto dia da epidemia com 621 casos e sete vítimas.

O ritmo de contágio segue o padrão italiano, mas como há 3,5 vezes mais casos, haverá mais ocorrências antes da epidemia arrefecer.

Segundo estudo, o número de casos no Brasil deve passar a marca dos 3 mil na terça-feira (24).

O número dobra a cada 55 horas.

Conforme explica Roberto Kraenkel, do Instituto de Física Teórica da Unesp, tão importante quanto o número total, é analisar o tempo necessário para duplicação dos casos.

“É uma forma de estimar a velocidade da propagação da doença”, diz o professor.

No auge da epidemia na Itália, o número dobrava a cada 1,8 dia, ou 43 horas.

Agora, com as medidas de quarentena, dobra a cada 96 horas.

Quanto maior o tempo de duplicação, menos chance de sobrecarga nos sistemas de saúde.

De acordo com as projeções da Unesp para os próximos dias, essa é a estimativa de casos para o começo da próxima semana:

Sábado (21) – 1.091 casos;

Domingo (22) – 1.478 casos;

Segunda-feira (23) – 2.003 casos;

Terça (24) – 2.714 casos; a previsão máxima é de até 3,4 mil na terça.