Coronel da BM no RS nega que mulher foi presa por bater panela contra Bolsonaro

Atualizado em 10 de julho de 2021 às 15:24
Testemunhas gravaram o momento em que a mulher é detida | Foto: Reprodução

Publicado originalmente no Sul21

POR LUIS GOMES

A Brigada Militar prendeu pouco antes do meio-dia deste sábado (10) uma mulher que protestava contra a passagem da motociata do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) pela Av. Venâncio Aires, em Porto Alegre.

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Circula nas redes sociais um vídeo em que a mulher é levada algemada por policiais e em que testemunhas questionam os agentes sobre o motivo da prisão, indicando que ela teria sido detida por estar “batendo panela” em protesto contra o presidente. Um trecho do vídeo foi compartilhado pelo vereador Matheus Gomes (PSOL).

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Em conversa com o Sul21, uma testemunha do episódio disse que viu dois brigadianos segurando a mulher e a levando para o posto de gasolina que aparece nas imagens do vídeo. Segundo a testemunha, logo em seguida, chegou uma nova viatura da BM para auxiliar na prisão.

O relato das testemunhas é de que a mulher estava batendo panela próximo à passagem das motos que acompanhavam o presidente quando foi agarrada por trás pelos brigadianos. A informação passada pelos próprios policiais aos presentes no local é de que a mulher foi levada para a 2ª Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento, localizada no Palácio da Polícia.

Chefe da Comunicação Social da Polícia Militar no Rio Grande do Sul, o tenente-coronel Cilon Freitas da Silva confirmou que a BM efetuou a prisão, mas negou que ela tenha sido presa por protestar contra a motociata. “Obviamente que não foi por isso. Se a gente fosse prender todo mundo que bateu panela, tinha que ser uma fila de presos. Não é por isso, ela teve um comportamento desviante e infringiu artigos do Código Penal”, disse. Cilon afirmou que as informações sobre os motivos da prisão serão comunicadas pela Secretaria de Segurança Pública (SSP).

Em nota, a SSP disse que a mulher estava ameaçando os participantes da motociata. A pasta informa que ela assinou um termo circunstanciado por desobediência e foi liberada.

“Durante a manifestação de motociclistas pela Capital, por volta das 12h, um grupo de manifestantes contrários formou-se próximo aos cruzamentos entre as Av. João Pessoa e Av. Venâncio Aires. Uma das manifestantes, de 47 anos, começou a ameaçar os motociclistas que passavam, quando foi abordada e solicitada por diversas vezes a se afastar do leito da via, de forma a evitar possível acidente. Apesar das repetidas tentativas das PMs de afastar a mulher, ela desobedeceu a ordem, desacatou as PMs que a abordaram, tentou chutar um dos motociclistas e manteve as ameaças de agressão. Em razão disso, a mulher foi contida por policiais femininas no local e conduzida até a 2ª Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (DPPA), onde, após produção de termo circunstanciado por desobediência, foi liberada. Apesar de ser o único incidente registrado, em uma situação específica, onde apontam evidências que justificam o recolhimento da manifestante, ainda assim a BM abrirá procedimento para apuração, em nome da transparência e do rigor com os fatos”, diz a nota da SSP.