Corregedor do CNJ vai a Curitiba investigar a Lava Jato

Atualizado em 9 de junho de 2023 às 15:31
Ministro Luis Felipe Salomão, corregedor nacional de Justiça. Foto: Pedro França/Agência Senado

O ministro Luis Fernando Salomão, corregedor do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), irá a Curitiba na próxima semana para dirimir a série de conflitos entre os antigos e novos protagonistas da Operação Lava Jato. Salomão realizará uma inspeção no Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) e na 13ª Vara Federal Criminal para conduzir pessoalmente uma análise minuciosa do local onde a operação teve origem.

De acordo com informações obtidas pelo Estadão, a corregedoria irá ouvir os servidores e aprofundar as investigações examinando documentos e processos. Ele também solicitou acesso às provas coletadas durante a Operação Spoofing, que resultou na prisão do grupo responsável por hackear os celulares da força-tarefa de Curitiba e do ex-juiz Sergio Moro, além de outras investigações.

A nova fase da Lava Jato tem sido marcada por uma série de conflitos e reviravoltas. Após o encerramento da força-tarefa e a migração dos antigos protagonistas para a política, o juiz Eduardo Fernando Appio, um crítico declarado dos métodos da operação, assumiu os processos remanescentes na 13ª Vara Federal Criminal de Curitiba. Ele começou a movimentar casos que estavam esquecidos e a expor denúncias de abusos feitas pelos alvos da operação, como o operador Rodrigo Tacla Duran, que alega ter sido vítima de uma tentativa de extorsão, e o grampo ilegal instalado na cela do doleiro Alberto Youssef.

Advogado Rodrigo Tacla Duran. Foto: Reprodução

Envolvido em controvérsias e sofrendo ataques intensos de figuras influentes da Lava Jato, Eduardo Appio foi afastado do cargo após ser acusado de tentar conduzir, de forma não oficial, uma investigação sobre o desembargador Marcelo Malucelli, do TRF4. O desembargador é pai do advogado João Malucelli, que está em um relacionamento com a filha de Sergio Moro e é sócio do ex-juiz.

Eventualmente, Appio não foi o único a ser afastado. A revelação da ligação entre o desembargador e Moro aumentou a pressão para que Marcelo Malucelli se declarasse impedido de julgar os processos da Lava Jato, e ele acabou cedendo. A juíza Gabriela Hardt, uma figura conhecida na Lava Jato, assumiu temporariamente os casos penais em Curitiba. Ela já havia substituído Moro quando o então juiz decidiu deixar a carreira para se tornar ministro da Justiça no governo Bolsonaro. No entanto, a magistrada não pretende permanecer por muito tempo na 13ª Vara de Curitiba. Ela solicitou transferência e aguarda uma decisão do TRF4.

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