Covid: conselhos apontam compra insuficiente de vacinas e defendem “imunização total”

Atualizado em 5 de dezembro de 2020 às 20:53
Técnico manipula dose de vacina da Pfizer no Centro de Pesquisa Clínica da OSID, em Salvador (BA) Foto: OSID/Divulgação

Publicado originalmente no Brasil de Fato:

O Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems), defendem que todas as vacinas com eficácia e segurança reconhecidas contra a covid-19 sejam incorporadas ao Plano Nacional de Imunizações (PNI) e adquiridas pelo Ministério da Saúde.

Em nota conjunta divulgada neste sábado (5), as entidades destacam “a necessidade de se alcançar a imunização total da população brasileira, com a máxima brevidade”.

“O recrudescimento da pandemia da covid-19, no mundo e no Brasil, aponta para um cenário de insuficiência de doses para a vacinação de todas as populações, fazendo com que restrições ao número de fornecedores causem atrasos no acesso à vacina para grupos prioritários de risco”, diz a nota conjunta das entidades.

Segundo dados do Conass,  o Brasil registrou 43.209 novos infectados pelo coronavírus neste sábado (5). Com os dados mais recentes, o total de casos confirmados nesta semana chegou a 286.905, número que chega próximo aos piores índices de contaminação pela covid-19 registrados no país até o momento – que foram entre 19 de julho e 15 de agosto. O número de contaminados desde que o vírus chegou ao país soma 6.577.177.

Ainda de acordo com o Conass, em um dia houve a confirmação de 664 óbitos. O número total de vidas perdidas para o coronavírus em território nacional chega a 176.628.

O texto assinado por Carlos Lula, presidente do Conass e secretário estadual de Saúde do Maranhão e Wilames Freire Bezerra, presidente do Conasems e secretário municipal da Saúde de Pacatuba (CE), “a falta da coordenação nacional, a eventual adoção de diferentes cronogramas e grupos prioritários para a vacinação nos diversos estados são preocupantes”.

O comunicado enfatiza que no atual contexto essas condições “gerariam iniquidade entre os cidadãos das unidades da federação, além de dificultar as ações nacionais de comunicação e a organização da farmacovigilância, que será fundamental com uma nova vacina”.

Cronograma

O cronograma de vacinação do Ministério da Saúde prevê o início das aplicações das vacinas em março, com prioridade para idosos com 75 anos ou mais, profissionais de saúde e indígenas.

Segundo o governo federal, o Brasil já tem garantido o fornecimento de 142,9 milhões de doses de vacinas. A cota de 100,4 milhões de doses é proveniente do acordo entre a Fiocruz e a AstraZeneca (100,4 milhões) e a cota de 42,5 milhões da Covax Facility, uma iniciativa da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Nesta semana, a Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) já havia criticado a falta de planejamento do Governo Federal para a vacinação ao coronavírus. Também em nota, a entidade apontou que o “desmonte” do Ministério da Saúde se reflete no “anêmico plano para a campanha nacional”.

Destinação suspeita

O manifesto da Conass e da Conasems se dá no dia em que o jornal Folha de S. Paulo revelou que o Ministério da Saúde destinou R$ 2 bilhões de recursos emergenciais – que seriam para frear o avanço da covid-19 – para entidades que não recebem pacientes com a doença.

A destinação foi feita através de portarias editadas em maio e assinadas pelo ministro Eduardo Pazuello, e tem como beneficiados hospitais filantrópicos e psquiátricos, maternidades, clínicas dos olhos, e santas casas.

Saiba o que é o novo coronavírus

É uma vasta família de vírus que provocam enfermidades em humanos e também em animais. A Organização Mundial da Saúde (OMS) indica que tais vírus podem ocasionar, em humanos, infecções respiratórias como resfriados, entre eles a chamada “síndrome respiratória do Oriente Médio (MERS)”.

Também pode provocar afetações mais graves, como é o caso da Síndrome Respiratória Aguda Severa (SRAS). A covid-19, descoberta pela ciência mais recentemente, entre o final de 2019 e o início de 2020, é provocada pelo que se convencionou chamar de “novo coronavírus”.

Como ajudar quem precisa?

A campanha “Vamos precisar de todo mundo” é uma ação de solidariedade articulada pela Frente Brasil Popular e pela Frente Povo Sem Medo. A plataforma foi criada para ajudar pessoas impactadas pela pandemia da covid-19. De acordo com os organizadores, o objetivo é dar visibilidade e fortalecer as iniciativas populares de cooperação.