A audiência da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS nesta quarta-feira (18) foi marcada por troca de acusações e tumulto entre parlamentares. O deputado Paulo Pimenta (PT-RS) e a deputada Bia Kicis (PL-DF) protagonizaram um bate-boca após o petista relembrar o episódio em que a bolsonarista, nas redes sociais, o acusou de ser proprietário da Boate Kiss, em Santa Maria (RS), onde um incêndio deixou 242 mortos em 27 de janeiro de 2023.
Pimenta afirmou que estava no velório das vítimas no dia da tragédia e que, mesmo assim, foi alvo de publicações falsas. “No dia do incêndio da boate Kiss, eu sou de Santa Maria (RS), eu estava no velório com as famílias e uma parlamentar que está aqui nesta comissão estampou uma foto deste tamanho [na internet] dizendo: ‘Paulo Pimenta, o verdadeiro dono da boate Kiss’”, disse o deputado.
Kicis pediu a palavra para se defender, alegando que, embora não tivesse sido citada nominalmente, a acusação recaía sobre ela. A parlamentar negou envolvimento e responsabilizou o criador da página “Revoltados Online”, Marcello Reis, pela publicação.
“Embora não tenha citado o meu nome, é a segunda vez que esse deputado inventa essa história. Aqui, ele não falou que sou eu, mas na CCJ [Comissão de Constituição e Justiça] ele falou o meu nome. Quando teve o incêndio da boate Kiss… Eu não tenho nada a ver com isso! O Marcello Reis, que era o proprietário da página Revoltados Online, onde eu gravava vídeos, para onde eu gravava vídeos, defendia, condenava lá a estratégia lá de doutrinação nas escolas, ideologia de gênero…”, disse a deputada. “Eu usava a página para proteger as nossas crianças. O Marcello Reis colocou uma foto do deputado dizendo que era ele, e ele até hoje insiste em dizer, apontar pra mim, dizer… Eu não vou tolerar mais essa mentira! Na CCJ, ele falou que era eu. Eu desmenti, mostrei que não era, e ele continua insinuando isso. Pare de mentir!”.
A troca de acusações elevou o tom da sessão. Pimenta respondeu dizendo ter “provas” de que a deputada estava envolvida na divulgação da informação. A presidência da comissão precisou intervir para tentar restabelecer a ordem, mas a tensão dominou a audiência.
Enquanto o embate político chamava a atenção, outro ponto central da sessão foi a decisão do deputado Rogério Correia (PT-MG) de apresentar um pedido de prisão preventiva contra o advogado Nelson Wilians. A medida vem após a Polícia Federal associá-lo a um suposto esquema de desvio de cerca de R$ 6 bilhões de aposentadorias e pensões de beneficiários do INSS. O requerimento deve ser analisado pela comissão nos próximos dias.
Na semana anterior, uma operação da PF apreendeu bens de luxo atribuídos a Wilians, incluindo um Rolls-Royce avaliado em R$ 11 milhões, além de relógios, armas e dezenas de obras de arte. Segundo os investigadores, empresas ligadas ao advogado teriam sido usadas para operações de lavagem de dinheiro e ocultação de patrimônio.
As investigações apontam ainda movimentações financeiras superiores a R$ 28 milhões entre Nelson Wilians e Maurício Camisotti, considerado um dos articuladores do esquema. Veículos utilizados por Antonio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”, estariam registrados em nome de companhias ligadas ao advogado, reforçando os indícios de envolvimento direto.