Crianças vítimas de maus-tratos são resgatadas pela polícia em Belo Horizonte

Atualizado em 24 de fevereiro de 2023 às 20:57
Local onde as crianças foram resgatadas. Foto: Reprodução

A Polícia Militar resgatou, na tarde da última terça-feira (21), duas crianças com desnutrição e sintomas de febre em um apartamento no bairro Lagoinha, em Belo Horizonte. O resgate ocorreu após elas ficarem trancadas por três dias sem comida e cuidados. Com informações do “O Tempo”.

Segundo o boletim de ocorrência, uma vizinha, que vinha alimentando as crianças por um buraco na porta, acionou a polícia após perceber que elas estavam sozinhas no apartamento e sem o auxílio de familiares.

Porta da casa usada como cativeiro das crianças em BH. Reprodução: YT/O Tempo

Suspeita de ter cometido maus-tratos contra um dos filhos, de 4 anos, a mãe das crianças está presa desde o começo do mês após o menino morrer. De acordo com o boletim de ocorrência, a mulher levou o filho ao médico, mas a criança já estava morta. O menino chegou com lesões no olho, inchaço no pé e queimaduras no tornozelo.

No entanto, segundo os advogados Greg Andrade e Andrezza Araújo, que se encontraram com a mulher nesta sexta-feira (24) no presídio de Vespasiano, ela “não é suspeita, ela é vítima”.

“A Kátia relatou que há cerca de 1 ano e meio desembarcou com a família na rodoviária de Belo Horizonte com quatro filhos no colo e um na barriga e com o marido. Foram aliciados por uma mulher, que se apresentou como Terezinha, oferecendo emprego. Ao chegarem ao local onde supostamente iriam viver, ela afirma que a família foi desmembrada e que ela passou a fazer trabalhos pesados, como capina de lotes, mesmo estando grávida, a ser presa em um quarto, receber comida através de um buraco em São Joaquim de Bicas e a ser vítima de violência sexual”, relatou Andrezza.

A mulher, que também apresenta sinais de agressão física, perdeu cerca de 40kg desde que chegou à capital de Minas Gerais. “Ela conta que não se recorda dessas marcas que tem pelo corpo e acredita que era dopada, já que só comia o que levavam pra ela. Muitas vezes comia, adormecia e acordava em outro local com um homem em cima dela a violentando”, disse.

Detalhe da porta da casa em que as crianças foram encontradas em BH. Reprodução: O Tempo

Os advogados ainda revelaram uma suposta troca de nomes dos membros das famílias. “A Kátia disse que a Terezinha [apontada como suspeita de cometer os crimes] orientou que eles se apresentassem com outros nomes. Os dois meninos que estão no hospital eram chamados de João e Gabriel, o pequeno que faleceu teve nome alterado para Vitor, uma das mais novas era chamada de Vitória e a caçula não havia recebido nome fictício ainda”, afirmou.

A Terezinha também se identificaria como Serafina e um homem [também suspeito de encarcerar a família], chamado de Diego, por vezes, se apresentaria como Geraldo.

Segundo investigação, o pai biológico das crianças teria morrido de Covid-19, em 2020. Em depoimento à polícia, uma das vítimas resgatadas no apartamento, informou que elas haviam vindo de São Joaquim de Bicas, na semana anterior ao resgate, e que a avó teria passado a noite de sábado (18) com elas, mas não retornou.

Duas meninas, de 1 e 2 anos, que são irmãs dos meninos resgatados, estão em um abrigo, sob a tutela do Estado.

Abaixo, reportagem feita pelo jornal O Tempo sobre o caso:

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