Crime ambiental prevalece e violência assola Amazonas

Atualizado em 25 de setembro de 2022 às 15:11
Manifestantes participam de um protesto contra o governo Bolsonaro e pedem pela busca do jornalista Dom Phillips e do indigenista Bruno Pereira. Foto: REUTERS/Adriano Machado

Em quatro anos de governo Bolsonaro (PL), o Amazonas passou de estado mais preservado da Amazônia para o epicentro de conflitos socio ambientais e um dos líderes em violência contra povos originários no Brasil. É o que revela reportagem da Folha neste domingo (25).

Os assassinatos do indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dom Phillips, mortos por contrariarem interesses da pesca ilegal no Vale do Javari, são um sintoma da violência na região. A terra indígena fica na região de fronteira com Peru e Colômbia, marcada pela influência do tráfico de cocaína e contrabando de riquezas naturais.

De 2020 para 2021, o Amazonas saltou de quarto estado no ranking de desmatamento da Amazônia para o segundo lugar, segundo o RAD (Relatório Anual de Desmatamento) do MapBiomas. O processo contínuo de derrubada de árvores faz parte do fortalecimento da chamada Amacro, nova fronteira de expansão do agronegócio na divisa de Amazonas, Acre e Rondônia.

Ainda segundo o MapBiomas, em três anos, o Amazonas atingiu pela primeira vez o segundo lugar na lista de estados que mais desmatam, passando na frente do Mato Grosso e Maranhão. Cidades como Humaitá, Lábrea e Apuí tiveram altas de desmatamento que alavancaram o estado no ranking negativo. Os três municípios ficam no sul do Amazonas, na região da Amacro.

A região Amacro também tem apresentado altos focos de incêndio nos últimos anos; segundo o Inpe, dos dez municípios com maior registro de incêndios acumulados entre janeiro e agosto deste ano, quatro são do Amazonas: Apuí, Novo Aripuanã, Manicoré e Lábrea.

Somente no primeiro ano do governo Bolsonaro e de seu aliado no Amazonas, Wilson Lima (União Brasil), os registros de focos de incêndio saíram de 3.873, em 2018, para 7.889, em 2019; um aumento de 104%.

O Amazonas também lidera há três anos o ranking de homicídios de indígenas, de acordo com relatório do Cimi (Conselho Indigenista Missionário). Foram 38 assassinatos em 2021. Os povos originários vem sofrendo diferentes tipos de pressões, como o garimpo ilegal — especialmente na Terra Indígena Yanomami, que vai do Amazonas a Roraima.

Agora, em 2022, às vésperas das eleições, a administração do estado é disputada por oito candidatos, entre os quais três já comandaram o estado: o atual governador Wilson Lima (União Brasil), os ex-governadores Amazonino Mendes (Cidadania) e o senador Eduardo Braga (MDB). Os três, por sua vez, tem uma coisa em comum: seus planos de governo ignoram os desafios ambientais do estado.

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