Crise ambiental provocada por Bolsonaro enfraquece a economia brasileira

Atualizado em 1 de agosto de 2021 às 17:31
Em 2021, o desmatamento já atingiu tamanho histórico. Reprodução: UOL

Publicado na Rede Brasil Atual

O desmatamento descontrolado e o desmantelamento da proteção ambiental no Brasil pode resultar em problemas em diferentes esferas para o Brasil. Desde que assumiu, o presidente Jair Bolsonaro adota uma política desastrosa na área ambiental, que resulta em recordes históricos de devastação florestal. Órgãos de controle foram esvaziados e o preço, além dos prejuízos para a vida e para o planeta, deve chegar mais veloz na economia.

É o que defende a professora titular da Universidade de Brasília (UnB) Mercedes Maria da Cunha Bustamante. “O que os países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o clube que o Brasil almeja entrar, colocam é que a recuperação verde implica que os governos tenham oportunidade de desencadear inovação, empreender uma reestruturação muito ampla e fundamental de seus setores mais críticos, acelerar seus planos ambientais, canalizar projetos ambientalmente sustentáveis”, disse.

Mercedes lamenta os caminhos recentes do Brasil na área ambiental. “Estamos fazendo exatamente o contrário do que está sendo proposto pelos países que se encontram em situação de maior desenvolvimento. O foco da minha mensagem é abrir os olhos da equipe chefiada pelo ministro Paulo Guedes (Economia) de que a economia está embutida na natureza”, completou, durante evento da 73ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).

Boicote
Diferentes países já sinalizaram com possíveis boicotes ao Brasil. No início deste ano, o presidente da França, Emmanuel Macron, divulgou uma mensagem estimulando a comunidade internacional a não comprar soja brasileira, um dos principais produtos do agronegócio. “Continuar dependendo da soja brasileira é endossar o desmatamento da Amazônia”, disse.

Soma-se a este cenário de incertezas, os cortes progressivos promovidos pelo governo Bolsonaro na ciência. O baixo orçamento compromete a pesquisa e a ciência nacional, que implica diretamente na fragilidade do setor ambiental. “Temos acompanhado pela SBPC os cortes drásticos no orçamento da ciência, comprometendo fortemente o futuro da ciência brasileira, com essa ‘fuga de cérebros’, evasão de jovens cientistas”, disse Mercedes.

O pesquisador titular e Coordenador Geral de Pesquisa e Desenvolvimento no Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), José Antonio Marengo Orsini, entende que o mundo tem razão em se preocupar com o que acontece no Brasil. Isso, porque a devastação de um país com imensas florestas implica em toneladas a mais de carbono na atmosfera, implicando na aceleração do aquecimento global.

“As mudanças climáticas vão continuar, a pandemia vai ser controlada com vacinação, mas nada impede que outra pandemia apareça e todas essas crises de saúde e ambientais venham juntas, o que vai afetar a população”, alertou o pesquisador. “É necessário pensar um cenário pós-covid com programas sociais que tornem a sociedade mais resiliente”, completou.