
O evangélico esteve com o petista na quinta-feira (16), em Brasília. Acompanhando o advogado-geral da União, Jorge Messias, apontado como favorito para a vaga aberta no Supremo Tribunal Federal (STF) com a aposentadoria de Luís Roberto Barroso, ele orou pelo Brasil e pelo chefe do governo.
“O pastor nos relatou o crescimento da igreja e o acolhimento aos fiéis. Pude reiterar a relação de respeito que tenho pela Assembleia de Deus e o relevante trabalho espiritual e social promovido pela igreja”, destacou Lula nas redes sociais.
O fato de Samuel Ferreira ter posado sorridente ao lado do presidente e de aliados, como a ministra Gleisi Hoffmann, da Secretaria de Relações Institucionais, já sinalizava uma reaproximação do governo petista com setores evangélicos. Principalmente porque, em 2022, o bispo declarou apoio a Bolsonaro e chegou a levá-lo a um culto na sede de sua igreja, no Brás, em São Paulo.
O embate ganha outra dimensão quando se observam os números das igrejas lideradas por cada pastor. O desconforto de Malafaia deixa de ser apenas político para se tornar também uma disputa de influência.
A Assembleia de Deus Vitória em Cristo, denominação liderada por Malafaia, tem cerca de 200 mil membros no Brasil e no exterior. Isso de acordo com dados divulgados pelo próprio pastor em 2025, quando ele também afirmou que a ADVEC já tem mais de 150 templos.
ALERTA IMPORTANTÍSSIMO! Um verdadeiro cristão não apoia Lula.
Evangélicos e cristãos em geral precisam assistir a este vídeo para não serem enganados. pic.twitter.com/Hlfy2HswEV
— Silas Malafaia (@PastorMalafaia) October 17, 2025
São números expressivos, mas que parecem irrisórios perto dos nove milhões de membros filiados à Assembleia de Deus Ministério Madureira. Os 200 mil que Malafaia tem de fiéis, o bispo Samuel Ferreira tem de obreiros. Em 2022, já eram 1.249 templos.
Para quem acompanha de fora o universo evangélico, Silas Malafaia costuma ser visto como o pastor mais influente do país. Líder da Assembleia de Deus Vitória em Cristo (ADVEC), ele mobiliza grandes públicos e se destaca pelo discurso ferrenhos.
Já Samuel Ferreira, embora menos conhecido fora dos círculos religiosos, consolidou-se como figura de peso na política. Há anos é chamado de “padrinho” de Arthur Lira, presidente da Câmara dos Deputados, e mantém interlocução direta com autoridades em Brasília.
Seu pai, Manoel Ferreira, bispo primaz do Ministério Madureira, também tem histórico de diálogo com o poder. Em 2021, ele se reuniu com Lula, um movimento interpretado, à época, como sinal de reaproximação entre o petista e parte da ala evangélica, o que irritou líderes bolsonaristas.
Para o bolsonarismo, cuja base eleitoral depende fortemente do voto evangélico, a perda de apoio de qualquer líder religioso é motivo de alerta, sobretudo de alguém que comanda uma igreja quase 50 vezes maior que a de Silas Malafaia. Nesse contexto, o último vídeo do pastor pode soar menos como indignação e mais como um sinal de desespero e medo.
Recebi hoje em meu gabinete o bispo Samuel Ferreira, da Assembleia de Deus de Madureira, que estava acompanhado do deputado federal Cezinha Madureira.
Um encontro especial, de emoção e fé, compartilhado com o advogado geral da União, @jorgemessiasagu e a ministra de Relações… pic.twitter.com/ByEyH5Oj97
— Lula (@LulaOficial) October 16, 2025