Cristina Rocha, a fascista do taco de beisebol, não tem apoio nem da família, que é ostensivamente progressista

Atualizado em 27 de novembro de 2020 às 20:15
Bolsonarista com bandeira dos EUA é questionada por estar com taco de beisebol: “não é da sua conta”. Foto: Reprodução/Twitter

Cristina Rocha, a mulher do taco de beisebol, por pouco não encontrou a filha quando foi com a arma branca até os manifestantes pró-democracia domingo.

Sim, uma das duas filhas dela é militante antifascista e chegou a publicar em sua rede social uma foto dos manifestantes com o punho levantado segurando a faixa “Somos democracia”.

Com sua militância de extrema direita, Cristina acabou misturando assuntos públicos com os privados, ao gritar aos quatro cantos do mundo que o pai é general do Exército.

Pessoas muito próximas dela não gostaram e, para preservar a memória do pai de Cristina, relataram quem ele era.

Para começar, não foi general, mas coronel. E instrutor em academia militar. Virgílio da Silva Rocha teve três filhos, e um deles, Virgílio, irmão de Cristina, chegou a estudar em escola preparatória de cadetes, mas deixou a carreira militar por absoluta incompatibilidade.

Um dia, foi até a academia com camiseta do Che Guevara — no início dos anos 70. Resultado: alguns meses depois, com a mulher, foi viver um autoexílio na França.

Voltou ao país quando soprava a brisa da democracia. Nunca foi perseguido, mas é conhecido pela simpatia pelos movimentos contra a ditadura e chegou a participar dos comícios pelas diretas já, em 1984.

Cristina Rocha tem, de fato, relacionamento de amizade com o ex-comandante do Exército Eduardo Villas Bôas, que talvez tenha sido aluno do pai dela.

É pensionista do Exército, como filha de oficial. Sua irmã, que foi servidora pública na TVE do Rio de Janeiro, também recebe do Exército.

Pelo que Cristina mesmo conta aos amigos, a pensão de cada uma estaria hoje em torno de 8 mil reais.

Mas Cristina já trabalhou. Instrumentadora cirúrgica, chegou a participar da equipe de um dos melhores cardiologistas do Brasil, Adib Jatene.

Depois, Cristina trabalhou como corretora de imóveis, usando o nome do ex-marido, Meili, que era suíço.

Em uma foto que circula na internet, segura o bastão de beisebol com a inscrição “Rivotril” sentada em uma loja de CDs piratas. A loja não é dela.

Por parte de mãe, Cristina teve mesmo mesmo avô e bisavô do Exército, mas, garantem os amigos bem próximos, nenhum deles teve militância extremista como ela.

Cristina já participou de manifestações de ódio contra os muçulmanos, comemorou a morte de Marisa Letícia e, mais recentemente, publicou imagem que mostra o desenho de Marielle degolada.

São atitudes opostas à da filha que mora em São Paulo — a outra vive na Dinamarca, também rompida com a mãe.

Além da foto enaltecendo os corintianos que foram à Paulista protestar por democracia, ela postou foto de uma manifestação pelo impeachment de Bolsonaro, em Brasília, da qual supostamente participou.

A filha publicou fotos com Eduardo Suplicy e pela anulação da chapa Bolsonaro/Mourão.

Os amigos não têm certeza de que ela estivesse na manifestação pela democracia domingo, mas o apoio foi explícito, com a publicação da foto.

Quem conheceu o pai de Cristina garante que ele jamais apoiaria a atitude da filha. Mesmo alto oficial do Exército, não se envolveu na repressão e, no início dos ano 80, passou à reserva e foi trabalhar como responsável pela segurança de uma grande empresa, a Gerdau.

Uma das fotos dele em atividade o mostra com colegas de farda na Restinga da Marambaia, apreciando uma tartaruga gigante, que naqueles tempos eram abundantes ali.

“Você acha que ele apoiaria um governo como este do Bolsonaro que cortou verbas do Projeto Tamar, justamente o que protege as tartarugas? Jamais. Eu o conheci. Tenho certeza de que estaria horrorizado com o que a filha faz”, disse o antigo amigo, incomodado com o uso que Cristina faz do nome do coronel Virgílio da Silva Rocha.

Bolsonaristas como Cristina Rocha, notórios pela violência, estão cada vez mais isolados. Não têm apoio nem da família.

É uma tragédia pessoal, sem dúvida, mas não deixa de ser um alento para a sociedade. É bom que estes extremistas de direita, com perfil nazi-fascista, sejam vistos como uma massa exótica, algo repugnante, como seu líder, Bolsonaro, sem lugar na civilização.

Coronel Virgílio, pai de Cristina, com colegas de farda e a tartaruga gigante: não apoiaria a filha
Coronel Virgílio, pai de Cristina: ao contrário da filha, não era fascista
Foto postada pela filha da manifestação pelo impeachment de Bolsonaro
A filha está ao lado dos manifestantes pela democracia

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Atualização: A filha de Cristina Rocha pediu para que o nome dela não fosse publicado, para não sofrer nenhum tipo represália. É uma solicitação justa. Por esse motivo, seu nome foi excluído da reportagem.

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A Sra. Marcia Cristina de Araújo Rocha, exercendo seu direito de resposta, indicou que não concorda com os fatos e opiniões externados nessa matéria, indicando ainda que o quanto noticiado “não compactua, não concorda, nem apoia nenhuma ideologia ou atos de racismo, xenofobia, ou discriminação de qualquer tipo que seja”.