A atriz Taís Araújo formalizou uma queixa no setor de compliance da TV Globo após pressão de movimentos negros que cobraram uma representação mais positiva da personagem Raquel no remake da novela “Vale Tudo”, exibido em 2025.
Integrantes desses coletivos expressaram preocupação com o espaço reduzido dado à protagonista negra, apontando a repetição de imagens associadas ao sofrimento e à humilhação. As cobranças externas influenciaram diretamente a decisão de Taís de levar o caso à direção da emissora.
O desentendimento teve origem em agosto de 2025, durante a produção da trama, quando Taís demonstrou desconforto com a condução narrativa da personagem. Segundo a atriz, Raquel perdeu relevância nas cenas centrais, aparecendo em momentos considerados pouco expressivos e, em grande parte, vinculados a ações de merchandising.
Ela argumentou que essa abordagem resultou em apagamento da protagonista e restringiu possibilidades dramáticas para personagens negras em produções de grande audiência.
Após conhecer a queixa, a autora Manuela Dias discordou das acusações e protocolou uma contra-queixa, alegando violação do código de conduta interno.
Manuela afirmou ter se sentido ofendida pela crítica com recorte racial e destacou que obras de sua autoria já abordaram temas relacionados à população negra, como o filme “Malês”, sobre a Revolta dos Malês.
A situação ampliou o debate sobre representatividade na ficção televisiva e reforçou o interesse público na disputa.
A novela passou a ser criticada por organizações antirracistas, que alegaram diminuição do tempo de tela de atores negros e priorização de personagens brancos e ricos.
Alguns integrantes do elenco teriam manifestado insatisfação com o desfecho da história, que terminou de forma abrupta. O caso continua em análise no compliance da Globo, sem resolução divulgada.