Culto à ignorância: se Bolsonaro recusou um livro de presente, não pouparia uma biblioteca. Por Kiko Nogueira

Atualizado em 15 de fevereiro de 2020 às 16:51
A biblioteca da Presidência da República, em breve gabinete de Michelle Bolsonaro

A mutilação da tradicional biblioteca da Presidência da República, no anexo I do Palácio do Planalto, para receber Michelle Bolsonaro, é mais um retrato escarrado do governo.

O local, com um acervo de 42 mil itens e 3 mil discursos de presidentes, vai abrigar uma sala para a primeira-dama fazer nada.

Serão extintos espaços de estudo, convivência e leitura praticamente extintos.

Michelle ganhará até banheiro privativo.

Há sete meses, informa o Globo, foram gastos R$ 330 mil em obras no Ministério da Cidadania para a tal Pátria Voluntária, uma picaretagem para a patroa aparecer

O bolso-fascismo vive do culto à ignorância, do orgulho de ser idiota. Livros — arte, de maneira geral — são para fracassados e bichas.

Homens de verdade, soldados, jogam no lixo essas drogas. Ou queimam.

Um episódio prosaico, ocorrido em 2018, ilustra o desprezo de Jair Bolsonaro pelo conhecimento.

A ex-jogadora de vôlei Fernanda Venturini, mulher de Bernardinho, contou que esteve com o mito e deu-lhe um presente.

“Eu levei um livro para ele, que é um livro famoso da Suécia porque lá os governantes lavam a louça, fazem tudo. Aí ele falou: ‘Fernanda, você acha que eu vou ler? Não tenho tempo’”, disse.

“Eu falei: ‘Então me dá o livro de volta’. É muito sincero. É pá, pum, isso que é bom. Por que ele ia levar o livro? Ia ficar lá jogado e muita gente quer ler esse livro”.

Os idiotas perderam a modéstia.

Fernanda Venturini e o ídolo Bolsonaro