Cunha deu crachá para os líderes do MBL porque, em seu bordel, eles são especiais. Por Kiko Nogueira

Atualizado em 16 de abril de 2016 às 19:35
Renan, do MBL (dir), com o crachá dado por Cunha, lutando contra a corrupção
Renan, do MBL (dir), com o crachá dado por Cunha, lutando contra a corrupção

 

Não que houvesse qualquer dúvida sobre a afinidade de princípios entre o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, e o grupelho fascistoide do MBL. Mas na tarde de sábado, dia 16, as coisas ficaram ainda mais cristalinas.

Três dos 790 líderes do movimento — Kim Kataguiri e os irmãos Rubens e Renan “Nunes”, eventualmente “Haas” — conseguiram crachás para circular pelo plenário da Casa.

Os passes foram fornecidos por parlamentares da oposição, com autorização de Cunha, que os chamou de “convidados especiais” quando questionado.

É mentira. É ilegal. Estão autorizados somente políticos, alguns servidores e funcionários da imprensa. O MBL é uma exceção. A CUT foi proibida de entrar, por exemplo.

Renan diz que quem liberou o ingresso foram os deputados Darcísio Perondi (PMDB-RS) e Pauderney Avelino (DEM-AM), que confirmaram. Para Renan, o fato de o MBL ser signatário do pedido de impeachment lhe dá o direito de frequentar a Câmara.

Não dá. É coisa de penetra.

Os três pilantras tomaram um cafezinho com seus chefes, conversaram e mandaram fotos e vídeos para a legião de imbecis que os seguem. Estão lutando pela democracia e contra a corrupção.

O que eles querem é se dar bem, como seus patrocinadores. Cunha é Cunha. Pauderney foi condenado, em março, a devolver 4,6 milhões de reais aos cofres públicos do Amazonas.

Ele (PAU-DER-NEY!!!) superfaturou contratos de imóveis alugados pela prefeitura de Manaus para a instalação de escolas quando era secretário da Educação.

Perondi respondeu por improbidade administrativa por atos cometidos quando era presidente do Hospital de Caridade de Ijuí (HCI), no Rio Grande do Sul.

Quando foram descobertos na Câmara, houve tentativas de expulsá-los. Na clássica manobra de acusar o inimigo do que eles são, chamaram os políticos que tentaram cumprir a lei de “fascistas”.

Cunha, o dono do puteiro, faz o que quer. Se os pequenos vagabundos de estimação do MBL estão ganhando presentes, imagine os deputados que sentaram no colo dele e de Temer nos últimos meses.