Cunha, Janaína, Jovair, MBL e a arte da auto desqualificação da pilantragem. Por Kiko Nogueira

Atualizado em 7 de abril de 2016 às 10:18
Olhos nos olhos, quero ver o que você faz
Cunha e Jovair 

 

Talvez seja difícil encontrar na história do Brasil uma oposição tão dedicada a se desqualificar e tão bem sucedida nessa missão.

A essa altura, o sujeito que tem relativo bom senso e que está no seu amplo direito de não gostar do governo deve estar olhando para a matilha e pensando “onde fui me meter?”

Alguns desses homens e mulheres se manifestaram na faculdade de Direito do Largo de São Francisco na noite em que a advogada Janaína Paschoal deu seu show.

Numa mistura de possessão demoníaca, fanatismo político, oportunismo e falta de noção do ridículo, Janaína constrangeu alguns dos presentes a ponto de eles irem embora.

Quem quer realmente estar associado a uma gente detestável, corrupta e ignorante?

. O chefe do bando é Eduardo Cunha, cujo nome está presente em toda e qualquer lista de roubo, sendo a mais recente, a dos Panamá Papers. Agora um doleiro que virou delator afirma ter novas provas sobre as contas secretas.

Cunha está tocando docemente constrangido o impeachment de Temer porque sabe que, caindo o comparsa, o próximo da fila é ele.

. O MBL, autor do pedido de impeachment do ministro Marco Aurélio Mello, do STF, tem lideranças com rolos estranhos na Justiça. Renan Nunes, o fundador, é um deles. Seu irmão, Rubens, autor do documento apresentado nesta semana contra Mello, simplesmente não tinha apresentado o comprovante de quitação eleitoral.

Você pode achar que ele esqueceu, o que já é ruim. A hipótese mais provável, porém, é que ele picaretas como ele não votam. Sua natureza autoritária e megalomaníaca se expressa quando o “movimento” quer “proibir” seus seguidores de votar em Marina Silva depois de “tudo o que eles fizeram”.

. O relator do processo de impedimento, Jovair Arantes (PTB-GO), que leu gaguejando um texto escrito por um advogado de Eduardo Cunha, é amigo de Carlinho Cachoeira e tem a ficha imunda há décadas sem que nada lhe aconteça.

Um de seus cúmplices em Goiás, Maurício Sampaio, é réu por suspeita de orquestrar o homicídio de um jornalista esportivo. Sampaio foi afastado do comando de um cartório por causa de irregularidades – leia-se roubo. Na Câmara, Jovair trabalhou pela PEC dos Cartórios, que concede a cartorários o direito de ficar na função sem concurso. Mera coincidência.

Isso é apenas um pedaço da folha de Jovair, um personagem lombrosiano com cara, voz e trejeitos de bandido.

. Michel Temer é Michel Temer.

Há enormes vantagens no fato dessa escória ter saído do escuro para a luz do dia. Os inocentes úteis que a apoiam se alimentam de raiva, a raiva é contagiosa — mas passageira, também.

Quando passa, e ninguém vive com raiva o tempo todo porque é fisiologicamente impossível, e o cachorro olha para os lados e vê a doutora Janaína, o Cunha, o Jovair e o Kataguiri, leva um susto.

Resta torcer que não seja tarde demais para ninguém.