Cursos sobre o golpe congregam um dream team da academia brasileira. Por Luis Felipe Miguel

Atualizado em 10 de março de 2018 às 12:32
Foto: Rovena Rosa/ Agência Brasil (31/08/2016)

Publicado no Facebook de Luis Felipe Miguel, professor da UnB

Tem sido bonito acompanhar o movimento das universidades brasileiras em defesa de sua autonomia e da liberdade de cátedra.

São dezenas de instituições abrigando cursos que, em primeiro lugar, reafirmam nossa resistência contra ingerências autoritárias e nossa missão de fazer frente aos desafios do tempo presente.

Para mim, é comovente ver que centenas de colegas, muitos dos quais nem me conhecem, se levantam para dividir o ônus de receber as pressões, as tentativas de intimidação, as agressões, as ofensivas de desqualificação pessoal e profissional.

Como na UFBA, em que o professor Carlos Zacarias e o reitor João Carlos Salles foram intimados a depor na polícia, em mais um sobrelanço do ataque contra a liberdade de ensinar e pesquisar.

A solidariedade a eles é urgente e indispensável.

É fácil dizer que eu sou a “nulidade que se infiltrou na Universidade de Brasília”, o “professor doidão”, o “zé ninguém”, o “marketeiro”, o “ferrenho militante do PT”, o “esquerdopata”, o “vigarista” e outras palavras gentis que me dedicaram, nos maiores órgãos de imprensa do país, os animadores de torcida da direita.

Mas agora, quando os ​novos ​cursos sobre o golpe pelo país afora congregam um verdadeiro dream team da academia brasileira, fica bem mais difícil sustentar que eles são propaganda política ou que não há “base científica” para a discussão (rememorando o que disse o famoso epistemólogo recifense).