Custo elevado e ligações políticas: prefeitura de SP paga até 400% em alimentos para população de rua

Atualizado em 16 de agosto de 2024 às 11:14
Voluntário entrega alimento para pessoa em situação de vulnerabilidade – Foto: Reprodução

A Prefeitura de São Paulo está pagando preços inflacionados por água e comida na Operação Baixas Temperaturas, destinada à população em situação de rua. O valor de cada garrafa de água de meio litro é de R$ 4,11, enquanto a mesma marca é vendida a partir de R$ 0,77 em supermercados, uma diferença de mais de 400%. Além disso, a sopa pequena custa R$ 11,92, mais cara do que marmitas de tamanho maior oferecidas pelo programa Cozinha Cidadã, que custam R$ 10. Com informações do Uol.

A Operação Baixas Temperaturas, que inclui dez tendas de distribuição pela cidade, paga ao bufê Prime Alimentação e Eventos R$ 143 mil por dia. A empresa foi escolhida em uma licitação, onde outras quatro concorrentes com preços mais baixos foram desclassificadas. O contrato inclui a compra de 3,4 milhões de itens, totalizando R$ 20 milhões desde o início das aquisições em maio do ano passado.

A Prime Alimentação e Eventos pertence à família Ribeiro da Silva, que tem ligações com o vereador Rodrigo Goulart (PSD). A empresa foi a única vencedora após a desclassificação dos concorrentes. Goulart, que já havia solicitado uma CPI para investigar ONGs que auxiliam a população de rua, afirmou ter uma relação de amizade com os donos da Prime, mas negou qualquer envolvimento na contratação da empresa.

A diferença entre os preços pagos pela prefeitura e os valores de mercado é notável. Por exemplo, o copo de achocolatado custa R$ 4,32, e o chá, R$ 3,91, valores superiores ao que seria gasto com a compra de ingredientes para preparo em maior quantidade. O custo de transporte dos produtos é de menos de R$ 5.000 por dia, representando apenas 3% do valor total pago pela gestão.

Apesar de a operação ser destinada a dias de frio, a prefeitura comprou alimentos e bebidas suficientes para 372 dias, sete dias a mais que o ano completo. A contratação com a Prime Alimentação, inicialmente prevista para R$ 66 milhões, foi revista para R$ 17 milhões após questionamentos sobre a duração da operação.

Em maio deste ano, o contrato com a Prime foi prorrogado por mais 12 meses, com reajustes de preços. A prefeitura justificou o aumento com base em comparações com produtos vendidos em farmácias e sites de marmitas fitness, em vez de comparar com preços de atacado.

A Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania defendeu a escolha da Prime, afirmando que a empresa atendeu todas as exigências do edital de licitação e que as quatro empresas desclassificadas não cumpriram integralmente os requisitos documentais. No entanto, a diferença de preços não foi explicada.

O vereador Rodrigo Goulart – Foto: Reprodução

O vereador Rodrigo Goulart reafirmou que não teve envolvimento na contratação da Prime e que não tinha conhecimento prévio sobre a escolha da empresa. Ele destacou que a CPI que solicitou não tem relação com a contratação do bufê, e que sua amizade com a família Ribeiro da Silva não influencia a decisão da prefeitura.

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