CVM torna réus governo do DF e chefe de gabinete de Ibaneis em caso do BRB

Atualizado em 20 de novembro de 2025 às 7:28
Banco de Brasília (BRB). Foto: Divulgação

A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) transformou em réus o governo do Distrito Federal e Juliana Monici, chefe de gabinete do governador Ibaneis Rocha, em um processo ligado ao Banco de Brasília (BRB). Ela figura na ação por ocupar uma cadeira no conselho fiscal do banco, controlado pelo GDF.

A CVM confirma que ambos já foram citados, mas os autos permanecem sob sigilo. Neste ano, uma ação popular questionou a nomeação dela para o cargo, alegando conflito de interesse e prejuízo à autonomia necessária para fiscalizar a instituição.

A decisão da CVM ocorre em meio ao avanço das investigações da Polícia Federal e do Ministério Público Federal sobre a crise envolvendo o Banco Master. O caso levou ao afastamento do então presidente do BRB, Paulo Henrique Costa, na terça-feira (17), e expôs uma série de operações suspeitas entre o banco público e o Master, comandado por Daniel Vorcaro.

Segundo apurações reveladas pelo Estadão, o Master teria vendido R$ 12,2 bilhões em carteiras de crédito inexistentes ao BRB, apresentando documentos que agora são tratados como falsos pelo Banco Central. Entre janeiro e maio deste ano, o BRB transferiu ao Master os R$ 12,2 bilhões que agora estão sob ordem judicial de bloqueio.

Juliana Monici. Foto: Divulgação

Ao todo, as movimentações somaram R$ 16,7 bilhões. A revelação dessas operações levou o Banco Central a decretar a liquidação extrajudicial do Master, menos de 24 horas após o Grupo Fictor anunciar tentativa de compra da instituição, operação que foi automaticamente suspensa.

O Banco Central informou às autoridades que rejeitou a operação de compra do Master pelo BRB e, após identificar inconsistências, acionou Polícia Federal e Ministério Público Federal. O caso aprofundou suspeitas sobre possíveis irregularidades na relação entre o banco público e a instituição privada que agora está sob intervenção.

Em nota divulgada nesta quarta, o BRB afirmou que “sempre atuou em conformidade com as normas de compliance e transparência”, acrescentando que tem prestado informações regularmente ao Ministério Público Federal e ao Banco Central sobre todas as operações envolvendo o Banco Master. A expectativa é que novas etapas da investigação detalhem como as negociações foram aprovadas e quem participou das decisões que levaram ao prejuízo bilionário.

Guilherme Arandas
Guilherme Arandas, 27 anos, atua como redator no DCM desde 2023. É bacharel em Jornalismo e está cursando pós-graduação em Jornalismo Contemporâneo e Digital. Grande entusiasta de cultura pop, tem uma gata chamada Lilly e frequentemente está estressado pelo Corinthians.