
Após a rejeição unânime da PEC da Blindagem pela Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) do Senado nesta quarta-feira (24), parlamentares de diferentes espectros políticos celebraram a derrota da proposta que gerou intensa polêmica no país. A medida, aprovada recentemente pela Câmara dos Deputados, havia provocado protestos em várias cidades e críticas tanto da esquerda quanto da direita, motivadas pelo risco de privilegiar parlamentares em investigações criminais.
O senador Randolfe Rodrigues (PT-AP), líder do governo no Senado, comemorou a decisão em sua conta no X: “Essa conquista não é de um ou de outro, é do povo brasileiro, que foi às ruas, levantou a voz e mostrou a força da democracia. Essa vitória é nossa”.
Não aceitamos blindagem inteira, nem blindagem pela metade. Nem blindagem raiz, nem blindagem nutella.
Rejeitamos a PEC da Blindagem ✊🏻 pic.twitter.com/KIVc9JnlPR
— Randolfe Rodrigues (@randolfeap) September 24, 2025
O deputado Kim Kataguiri (União Brasil-SP), membro do Movimento Brasil Livre (MBL), também destacou a importância da pressão popular, publicando um vídeo agradecendo aos cidadãos pelo engajamento que, segundo ele, contribuiu para que o Senado recuasse.
A deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) reforçou a importância do resultado: “Essa proposta escandalosa queria transformar o Parlamento em refúgio da impunidade, criando privilégios para blindar corruptos da ação da Justiça. A vitória de hoje é da democracia, da transparência e do povo que não aceita retrocessos nem privilégios para os poderosos”.
Apesar de rejeitada no Senado, a PEC da Blindagem havia sido aprovada no plenário da Câmara na semana anterior, com forte apoio do centrão e de partidos de direita, como o PL, de Jair Bolsonaro, que somou todos os votos possíveis a favor.
O Senado acabou de enterrar, por unanimidade na CCJ, a vergonhosa PEC da Blindagem, ouvindo o clamor popular contra esse retrocesso. Essa proposta escandalosa queria transformar o Parlamento em refúgio da impunidade, criando privilégios para blindar corruptos da ação da Justiça.… pic.twitter.com/7t5Hhh90Zi
— Jandira Feghali 🇧🇷🚩 (@jandira_feghali) September 24, 2025
O fim da PEC
O relator da PEC da Blindagem, senador Alessandro Vieira (MDB-SE), se manifestou claramente contra a proposta. “Protocolei o relatório pela rejeição total. A leitura e a votação na CCJ serão feitas nesta quarta, às 9h. A política não precisa de blindagem para bandidos poderosos; ela precisa de transparência, honestidade e trabalho focado em resolver os problemas do nosso povo”, afirmou.
O projeto gerou grande repercussão nacional antes mesmo da votação no Senado, mobilizando artistas, movimentos sociais e cidadãos comuns. O domingo anterior à análise da PEC foi marcado por manifestações em várias capitais, enviando um recado direto aos senadores sobre a importância de rejeitar a proposta. Essa mobilização foi apontada como um fator decisivo para o resultado unânime da CCJ.
A PEC da Blindagem estabelecia que qualquer investigação ou prisão de parlamentares só poderia ser iniciada com autorização do Congresso Nacional. Na prática, isso significaria que senadores ou deputados investigados por corrupção, por exemplo, só poderiam ter seus casos analisados pela Justiça após votação interna no Parlamento.
Além da imunidade para parlamentares, a proposta também incluía presidentes nacionais de partidos políticos com representação no Congresso, permitindo que apenas o Supremo Tribunal Federal (STF) pudesse julgá-los mediante autorização legislativa.