Dá para chamar o bolsonarismo de movimento terrorista? Por Luis F. Miguel

Atualizado em 22 de fevereiro de 2023 às 15:12
Bolsonaristas em protestos contra as eleições presidenciais. Foto: Reprodução

Publicado originalmente no perfil de Luis F. Miguel no Facebook

O bolsonarista que plantou uma bomba perto do aeroporto de Brasília tinha em casa outros explosivos e um arsenal de armas de fogo, incluindo um fuzil.

Diante disso, já dá para classificar o bolsonarismo como movimento terrorista?

A resposta é sim.

O cidadão preso ontem participava dos atos na frente do QG do Exército. Agiu sozinho? Talvez.

Mas sua ação foi resultado da agitação prolongada – e amplamente financiada – desde o segundo turno das eleições. E do incentivo dos líderes do bolsonarismo, a começar pelo próprio Jair, que não abandonam o discurso de que “vale tudo” para evitar o mal maior, isto é, a posse de Lula.

Do conforto de suas residências em Miami, influenciadores extremistas como Constantino e Paulo Figueiredo pregam abertamente um golpe ou mesmo uma guerra civil no Brasil. Parlamentares como Kicis e Zambelli fazem o mesmo. E o presidente da República sinaliza, por meio do silêncio ou de palavras, que “ainda há esperança” de virar a mesa.

Eles sabem que estado de espírito estão alimentando na massa de seguidores. São os mentores intelectuais do terrorista preso.

Não é o radicalismo pueril e inócuo de algum anarquista de boteco. É a busca deliberada por uma reação previsível dos indivíduos mais desequilibrados no gado bolsonarista (e eles são muitos).

Em nome de uma compreensão abstrata da liberdade de expressão, é protegido o incentivo à violência e à subversão do regime democrático, com consequências imediatas.

Jovem Pan, parlamentares da tropa de choque bolsonarista, os financiadores dos acampamentos, Jair e sua família chefiam, na prática, uma organização potencialmente terrorista, de funcionamento descentralizado.

Não há ingenuidade. Sabem o que estão fazendo. Precisam ser responsabilizados. E da franja menos extremista do bolsonarismo é preciso exigir um repúdio expresso e incondicional a esta estratégia.

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Luís Felipe Miguel
Professor de ciência política da Universidade de Brasília (UnB) e coordenador do Demodê - Grupo de Pesquisa sobre Democracia e Desigualdades.