Dallagnol furou fila do passaporte com ajuda de delegado da PF, mostram mensagens

Atualizado em 2 de março de 2024 às 10:56
Deltan Dallagnol com seu passaporte

Durante o período em que Deltan Dallagnol estava à frente da Operação Lava Jato, surgiu a necessidade de providenciar um passaporte para sua filha mais nova, então com 6 meses, devido a uma viagem internacional planejada pela família. Diante da impossibilidade de obter o documento a tempo pelos canais regulares, sua esposa, Fernanda Dallagnol, sugeriu uma alternativa: contatar diretamente um delegado da Polícia Federal para ver se era possível agilizar o processo.

Preocupado com a percepção de que estaria tentando obter um tratamento preferencial, Dallagnol, mesmo assim, seguiu o conselho de sua esposa. Ele entrou em contato com o delegado Felipe Hayashi, parte da equipe da Lava Jato, compartilhando sua situação, mas sem solicitar explicitamente nenhum favor. A resposta de Hayashi foi positiva, oferecendo-se para realizar o procedimento no dia seguinte.

Escreveu para Hayashi, que integrava a Lava Jato, e obteve o resultado que desejava. “Que dia você quer vir com ela e sua esposa fazer o passaporte?”, questionou Hayashi. Dallagnol sugeriu a manhã seguinte. “Venha amanhã então”, respondeu o delegado. Pronto, a fila estava furada.

Este episódio veio à tona através de uma reportagem da revista piauí, que teve acesso a mensagens trocadas por Dallagnol, reveladas como parte da Operação Spoofing pela Polícia Federal em 2019. Esta operação tinha como foco investigar o vazamento de conversas do Telegram de membros da Lava Jato, em um caso que ficou conhecido como Vaza Jato.

Questionado sobre o incidente do passaporte, Dallagnol sugeriu que a mensagem atribuída a ele poderia estar adulterada, pois continha um erro no nome de sua filha, e defendeu que sua abordagem ao delegado Hayashi não tinha como objetivo solicitar qualquer favor pessoal ou a quebra de protocolos. Ele argumentou que a situação foi mal interpretada e que sua ação não diferia do que qualquer cidadão poderia fazer ao enfrentar um problema semelhante, considerando injustas e ofensivas as acusações de que teria se beneficiado de sua posição para antecipar a emissão do passaporte.