Dallagnol usou Randolfe como biombo em ação contra Gilmar. Por Fernando Brito

Atualizado em 7 de agosto de 2019 às 10:52
Deltan Dallagnol e Randolfe Rodrigues. Foto: AFP e Wikimedia Commons

Publicado originalmente no blog Tijolaço

POR FERNANDO BRITO

Novos diálogos revelados pelo The Intercept, agora em parceria com o UOL, mostram que a manipulação desenvolvida pela Força Tarefa da Lava Jato incluiu o uso da Rede, através do senador Randolfe Rodrigues, para propor uma ação contra Gilmar Mendes, em lugar de usar o caminho regular, o de pedi-la à Procuradora Geral da República, Raquel Dodge.

Segundo os diálogos, Dallagnol procura o senador – que “topou muito”, segundo as mensagens do procurador – e sua turma preparou e enviou a “sugestão” de uma Ação de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) aos assessores de Randolfe, que providenciaram seu ingresso no STF, onde acabou arquivada pela Ministra Cármem Lúcia.

Episódio após episódio, fica patente que, para Dallagnol e seus parceiros, os meios legais podem ser totalmente desprezados quando se trata de atingir aqueles que consideram seus inimigo e é de se imaginar como procedem em relação a cidadãos comuns.

A Força Tarefa, claro, continua se abrigando no fato de serem mensagens “oriundas de crime cibernético” mas acaba por reconhecer que fez ao defender “em abstrato” o direito de ter “contato com entidades da sociedade civil” com o objetivo de “defender o interesse social nos temas de atuação do Ministério Público”.

Ou seja: fez de Randolfe Rodrigues e da Rede um biombo para aquilo que decidiu, como mostra uma mensagem, em que decide-se, depois de uma reunião, que esta era “a melhor solução”, a de usar um “laranja” como instrumento.

Falta saber com quem foi a reunião que decidiu isso.