Damares espalha fake news de “Lula racista” com vídeo editado

Atualizado em 24 de agosto de 2025 às 9:32

Na última quinta-feira (21), em Sorocaba (SP), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva entregou 400 novas Unidades Odontológicas Móveis (UOM) e discursou sobre a importância da saúde bucal como política pública.

Durante a fala, Lula relembrou um episódio de gestões anteriores, quando repreendeu um ministro por autorizar o uso de uma foto de um homem negro sem dentes em uma publicação oficial. O presidente afirmou que aquilo era um ato de preconceito e determinou que a revista fosse anulada.

Num vídeo editado, a parte em que Lula denuncia o preconceito foi retirada, restando apenas a referência de que a imagem era “feia”. A edição induz à falsa interpretação de que Lula estaria ofendendo o homem negro retratado, quando na realidade criticava o racismo embutido na escolha da fotografia.

Uma das principais vozes a reforçar a versão adulterada foi a senadora bolsonarista Damares Alves (Republicanos-DF). Em publicação nas redes sociais, ela chamou a fala de Lula de “absurdamente racista” e sugeriu que, caso fosse o ex-presidente Jair Bolsonaro o autor da frase, haveria exigência de explicações imediatas pela Justiça.

A declaração de Damares omite deliberadamente o contexto completo e integra uma campanha da extrema direita que tenta colar no presidente uma pecha de racismo que não corresponde à realidade.

O Supremo Tribunal Federal já se pronunciou em situações semelhantes. Em 2022, na Ação Penal 1021, a Corte condenou um parlamentar por manipular um vídeo do ex-deputado Jean Wyllys, retirando frases do contexto original para transformá-las em ataques pessoais. Assim como naquele caso, a edição contra Lula pode configurar crime contra a honra, já que altera o sentido de suas palavras para acusá-lo falsamente.