Daniel Vorcaro, do Banco Master, dá chilique e grita ao chegar em presídio

Atualizado em 26 de novembro de 2025 às 11:44
Daniel Vorcaro, dono do Banco Master. Foto: reprodução

A transferência do banqueiro Daniel Vorcaro para o Centro de Detenção Provisória (CDP) 2 de Guarulhos, na tarde de segunda-feira (24), desencadeou um episódio de revolta que expôs a tensão crescente no caso que envolve a queda do Banco Master. Horas após deixar a cela da Superintendência da Polícia Federal em São Paulo, onde demonstrava aparente tranquilidade, Vorcaro explodiu diante de advogados.

Em tom alterado, segundo Lauro Jardim, do jornal O Globo, questionou o novo destino: “Como é que eu vim para cá?”. Ele também teria gritado com os agentes penitenciários.

A mudança ocorreu uma semana após sua prisão na Operação Compliance Zero, que investiga suspeitas de fraudes bilionárias relacionadas à venda de carteiras de crédito ao Banco de Brasília (BRB) e a emissão de CDBs com rentabilidade considerada irreal pelo mercado.

O CDP de Guarulhos, inaugurado em 2002, tem capacidade para 553 presos e abrigava 454 detentos na data do ingresso do banqueiro, número abaixo do limite, mas distante do padrão de conforto das celas da PF.

Além de Vorcaro, outros executivos também foram transferidos: Luiz Antônio Bull e Alberto Felix de Oliveira Neto. Já Angelo Antonio Ribeiro da Silva e Augusto Ferreira Lima permaneceram na Superintendência da PF.

Momento da prisão de Daniel Vorcaro no Aeorporto de Guarulhos. Foto: reprodução/Estadão

A decisão de deslocar parte dos investigados acompanha o endurecimento judicial sobre o caso, que ganhou força com a rejeição do habeas corpus pela Justiça Federal na última quinta-feira (20). Segundo a desembargadora Solange Salgado da Silva, do TRF-1, a prisão se justifica pelos “indícios veementes de gestão fraudulenta e organização criminosa”.

A defesa de Vorcaro tenta reverter a decisão e aguarda outro habeas corpus no TRF-1. Em nota divulgada no sábado (22), negou haver “nenhuma fraude de 12 bilhões de reais” e sustentou que o Banco Master apenas adquiriu carteiras previamente originadas por terceiros, em prática considerada comum no setor.

O documento argumenta que todas as operações contavam com garantias e possibilidade de recompra de contratos irregulares, além de registro completo na B3.

A defesa também cita dados do BRB e do Banco Central para afirmar que a maior parte das carteiras questionadas já havia sido substituída antes mesmo da investigação avançar. Segundo o BRB, “mais de R$ 10 bilhões já foram liquidados ou substituídos”, enquanto o BC confirmou que 85,5% das carteiras levantadas pela imprensa foram substituídas pela instituição.

“Nunca houve processo punitivo aberto pelo BC contra Daniel Vorcaro”, reforça a defesa, que aponta “fato inexistente” como base da operação.

A prisão de Vorcaro ocorreu em Guarulhos, no momento em que se preparava para embarcar. Para a Polícia Federal, tratava-se de uma tentativa de fuga para a Europa. A defesa nega e afirma que ele seguia para uma reunião de negócios em Dubai.

Augusto de Sousa
Augusto de Sousa, 31 anos. É formado em jornalismo e atua como repórter do DCM desde de 2023. Andreense, apaixonado por futebol, frequentador assíduo de estádios e tem sempre um trocadilho de qualidade duvidosa na ponta da língua.