
O dono do Banco Master, Daniel Vorcaro, teve seus passos monitorados pela Polícia Federal antes de deflagrar a operação desta terça-feira (18) que investiga crimes relacionados à gestão da instituição. O DCM apurou que o destino final do banqueiro seria o Resort Four Seasons, na praia de Jumeirah, em Dubai, mas voltaria a tempo de ir à Assunção, no Paraguai, assistir a final da Copa Conmebol Sul-Americana, onde o Atlético-MG disputará o título no sábado (22). Ele é sócio SAF do clube mineiro.
Na véspera da ação, os investigadores identificaram que o banqueiro preparava uma tentativa de fuga ao exterior por meio do Aeroporto de Guarulhos. Ele foi detido tentando embarcar em um jatinho particular.
A suspeita é que a informação sobre o mandado de prisão havia chegado ao empresário, que buscava deixar o país. Procurada, a defesa de Vorcaro afirmou à Folha que a viagem ao Oriente Médio tinha caráter de negócios, exclusivamente.
Diante dos indícios de fuga, a PF antecipou o cumprimento da ordem judicial. Por volta das 22h de segunda-feira (17), o banqueiro tentou embarcar em um jatinho particular com destino ao exterior, mas foi interceptado pelos agentes no aeroporto. Após receber a notificação da prisão, ele foi conduzido para a Superintendência da PF em São Paulo.
Na manhã desta terça, ocorreu a deflagração completa da operação, que cumpre cinco mandados de prisão preventiva, dois temporários e 25 de busca e apreensão em diferentes estados. Outro alvo da PF, o sócio de Vorcaro, Augusto Lima, não foi localizado em sua residência no momento da ação.
A investigação apura suspeitas de que o Banco Master tenha fabricado carteiras de crédito falsas para vendê-las ao BRB, operação que estaria ligada a crimes de gestão fraudulenta, gestão temerária e organização criminosa.
Segundo a PF, o objetivo é “combater a emissão de títulos de crédito falsos por instituições financeiras que integram o Sistema Financeiro Nacional”.

A apuração teve início em 2024, após requisição do Ministério Público Federal para investigar possíveis carteiras de crédito insubsistentes que teriam sido repassadas a outro banco e posteriormente substituídas por ativos sem avaliação técnica adequada.
A ofensiva policial ocorreu no mesmo dia em que o Banco Central decretou a liquidação extrajudicial do Banco Master, menos de 24 horas após o Grupo Fictor anunciar interesse em adquirir a instituição.
A decisão do BC encerra as atividades do Master e confirma a gravidade da crise enfrentada pelo banco, já considerado problemático pelo regulador. Vorcaro e Augusto Lima foram presos por ordem da Justiça Federal de Brasília, suspeitos de irregularidades na venda frustrada do Master ao BRB.
A liquidação marca o colapso definitivo de um modelo de negócios baseado em captação agressiva e operações opacas, agora sob escrutínio das autoridades financeiras e policiais.