Daniel Vorcaro, dono do Banco Master, é preso um dia após venda bilionária

Atualizado em 18 de novembro de 2025 às 8:11
Daniel Vorcaro, dono do Banco Master. Foto: reprodução

A Polícia Federal prendeu na manhã desta terça-feira (18) o banqueiro Daniel Vorcaro, dono do Banco Master, no âmbito da Operação Compliance Zero. A ação, deflagrada após irregularidades apontadas pelo Banco Central, cumpre sete mandados de prisão e 25 mandados de busca e apreensão em cinco estados.

Segundo a PF, o objetivo é “combater a emissão de títulos de crédito falsos por instituições financeiras que integram o Sistema Financeiro Nacional”. A investigação é sobre possíveis crimes de gestão fraudulenta, gestão temerária, formação de organização criminosa e outras infrações.

As investigações começaram em 2024, depois de uma requisição do Ministério Público Federal para averiguar a possível fabricação de carteiras de crédito insubsistentes, vendidas a outro banco e posteriormente substituídas por ativos sem avaliação técnica adequada.

Vorcaro foi preso em sua casa no Jardim Europa, em São Paulo, por ordem da Justiça Federal de Brasília. Augusto Lima, seu sócio, também foi preso nesta terça. Eles são suspeitos de cometer irregularidades na venda frustrada do Banco Master ao BRB.

Banco Master – Divulgação

Venda do Banco Master

A ação ocorre menos de 24 horas após a surpreendente e contestada operação de venda do Banco Master ao grupo Fictor Holding Financeira. A proposta, anunciada publicamente antes de passar pelo Banco Central, gerou descrédito imediato na Faria Lima.

Segundo interlocutores do mercado, Vorcaro buscava ganhar tempo ao transferir ao BC a análise de uma venda complexa envolvendo um banco em crise, o que poderia retardar decisões sobre intervenção. O banqueiro teria dito a aliados que a situação do Master melhoraria após 31 de dezembro, quando termina o mandato do diretor do BC Renato Gomes, visto por ele como o maior crítico da instituição. A operação policial, porém, avançou antes.

A Fictor, pouco conhecida no setor, anunciou que pretende comprar o Master com apoio de investidores dos Emirados Árabes Unidos, que somariam mais de US$ 100 bilhões em ativos. O plano inclui aporte de R$ 3 bilhões para reforçar o capital do banco.

Mas, segundo a Folha de S.Paulo, a proposta não foi protocolada no BC antes do anúncio, o que contraria práticas do sistema financeiro. Se aprovada, a holding assumiria 100% das ações e renomearia a instituição para Banco Fictor. O acordo não inclui o Will Bank nem o Banco Master de Investimentos.

O Master enfrenta dificuldades há meses. Em março, acumulava cerca de R$ 60 bilhões em depósitos a pagar. Sem solução imediata, o BC poderia decretar intervenção ou liquidação caso o banco não honrasse seus CDBs.

Após rejeitar a tentativa de compra pelo BRB, o BC deixou claro o risco de sucessão, o que ampliou a incerteza sobre a continuidade da instituição.

Vorcaro já vendeu ativos pessoais, fechou negócios com BTG e buscou apoio do Fundo Garantidor de Créditos, que concedeu mais de R$ 4 bilhões para cobrir resgates.

A auditoria do BC aponta que o Master apostou em ativos de pouca liquidez, como precatórios, enquanto oferecia elevados rendimentos em CDBs garantidos pelo FGC. O banco vinha se desfazendo de precatórios, imóveis e participações para tentar equilibrar as contas.

Augusto de Sousa
Augusto de Sousa, 31 anos. É formado em jornalismo e atua como repórter do DCM desde de 2023. Andreense, apaixonado por futebol, frequentador assíduo de estádios e tem sempre um trocadilho de qualidade duvidosa na ponta da língua.