Datafolha: a aposta de Marina no sumiço tem prazo de validade. Por Kiko Nogueira

Atualizado em 12 de dezembro de 2016 às 16:55
Ela
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O desaparecimento de Marina Silva tem assustado a comunidade científica e criogênica internacional. Ela ainda não apareceu para comentar o resultado do último Datafolha.

Marina venceria seus possíveis adversários no segundo turno: contra Lula, o placar é de 43% 34%. Contra Aécio, de 47% a 25%. Alckmin, 48% a 25%. Serra, 47% a 27%.

No histórico das últimas edições da pesquisa, porém, a intenção de voto nela no primeiro turno apresenta tendência de queda. Foi de 21% em março, passou a 19% em abril, em seguida 17% em julho até os atuais 15%.

Marina tem adotado um silêncio obsequioso neste ano.

Eventualmente, sua equipe posta alguma platitude nas redes sociais. No sábado, dia 10, era o seguinte: “a poeira não irá baixar se não limparmos de vez a lama da corrupção impregnada na maioria das estruturas políticas do nosso país.”

E por aí vai.

A conversa moralista casa com a pregação do também evangélico Deltan Dallagnol. Não passa da superfície.

Marina tem uma certa razão em ficar na moita. Da última vez em que entrou no debate, defendeu o impeachment.

Acabou discutindo pesadamente com Randolfe Rodrigues, único senador da sua REDE, dando-lhe uma reprimenda por ter participado de um jantar na casa de Katia Abreu com um grupo de parlamentares contra o afastamento definitivo de Dilma.

Em agosto, Randolfe avisou que votaria contra o golpe e lembrou do apoio de Marina a Aécio. Agora eles estavam “quites”, disse.

Em outubro, sete dirigentes da Rede divulgaram uma carta aberta anunciando sua desfiliação. “Por conta da reduzida definição política, a Rede tem se construído como uma legião de pessoas de boa vontade e nenhum rumo”, diz o texto.

“A sociedade brasileira não sabe o que pensa a Rede, nem consegue situá-la no espectro político-ideológico”.

Enquanto pode, Marina faz o papel daquelas marmotas que põem a cabeça para fora, dão um geral e voltam para a toca. Por enquanto, fica o recall de 2014 e aquela impressão de que ela é diferente de “tudo isso que está aí”.

Não é. Marina é política profissional.

Ela sabe que não dá para se esconder o tempo inteiro. Vai ter de ressurgir e falar. E aí podem começar seus problemas.