
Uma pesquisa realizada pelo Datafolha divulgada no sábado (13) mostra que a maioria dos brasileiros rejeita a possibilidade de o Congresso Nacional aprovar uma anistia para o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e os condenados pelos ataques de 8 de janeiro de 2023. Segundo o levantamento, 54% são contra a medida, enquanto 39% apoiam a proposta. Outros 2% afirmaram ser indiferentes e 4% não souberam responder.
O instituto ouviu 2.005 eleitores em 113 municípios nos dias 8 e 9 de setembro. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos. A pesquisa ocorreu logo após a condenação de Bolsonaro pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a 27 anos e 3 meses de prisão por tentativa de golpe de Estado e outros quatro crimes.
Além da rejeição específica à anistia para Bolsonaro, o levantamento aponta que 61% dos entrevistados também são contrários a qualquer tipo de perdão aos condenados pelo 8 de janeiro. Apenas 33% se disseram favoráveis. Até o momento, houve 1.630 ações penais relacionadas aos ataques, com 683 condenações, 11 abstenções e 554 acordos judiciais. Outros 382 processos continuam em andamento.

Bolsonaro tornou-se o primeiro ex-presidente do país condenado por tentativa de se manter no poder após o fim do mandato. Quatro dos cinco ministros da Primeira Turma do STF votaram por sua condenação. Agora, ele aguarda análise de recursos, mas caso sejam negados, deverá cumprir pena em regime fechado.
A pesquisa Datafolha também perguntou sobre a prisão do ex-presidente. Para 50% dos entrevistados, Bolsonaro deve ser preso após a condenação. Outros 43% discordam. O índice tem se mostrado estável ao longo do ano: em abril, 52% defendiam a prisão; em julho, houve empate técnico, e agora a maioria voltou a se consolidar a favor da medida.
O cenário político pressiona o Congresso, onde partidos do centrão abraçaram a pauta da anistia, defendida pela família Bolsonaro. O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), também se alinhou ao movimento, que ainda enfrenta resistência no Senado e a perspectiva de questionamentos no próprio STF.
A rejeição à anistia é mais forte no Nordeste, onde 63% se opõem à medida. Já o apoio cresce entre eleitores mais ricos, moradores do Sul, Norte e Centro-Oeste, e entre evangélicos, segmentos nos quais o ex-presidente mantém bases eleitorais relevantes.
Apesar das articulações políticas, a jurisprudência do Supremo impede indulto ou anistia para condenados por atentados contra o Estado de Direito. Isso mantém em aberto o embate entre a pressão do Congresso e o posicionamento da maioria da população, que rejeita a proposta e defende o cumprimento das penas.