Datafolha mostra que o eleitor já sabe: eleição sem Lula é fraude. Por Joaquim de Carvalho

Atualizado em 31 de janeiro de 2018 às 8:31
Lula em Porto Alegre, antes de seu julgamento. Foto: Ricardo Stuckert/Instituto Lula/Flickr

A liderança disparada de Lula na pesquisa de intenção de voto, revelada na pesquisa Datafolha divulgada hoje, mostra o grau de desmoralização das instituições brasileiras.

Suas excelências insistem em dizer que Lula é corrupto.

E os eleitores, através das pesquisas, se comportam como se respondessem: não acredito em vocês.

Na quarta-feira da semana passada, ao condenar Lula, o desembargador Joâo Pedro Gebran Neto disse, com pompa e ênfase na pausa:

“Lamentavelmente… Lula se corrompeu”.

E a torcida do Corinthians, três dias depois, fez a pergunta óbvia, através de uma faixa no jogo com o São Paulo, no Pacaembu:

— Cadê a prova, doutor?

 

Foi uma semana em que Gebran, Pausen e Laos praticamente monopolizaram o noticiário da velha imprensa, com a leitura de votos fartos de adjetivos e miseráveis de substantivos, e, na primeira pesquisa que é feita, o povo meio que responde:

— Queremos Lula presidente, porque não acreditamos em vossas excelências.

Curvadas para os grandes e tendenciosos veículos de comunicação, as instituições perderam a conexão com aquilo que deveria ser a sua fonte de poder: o povo.

Num país que leva a sério suas instituições,  Lula já teria sido destruído. Pelo intensa divulgação do processo judicial.

E por que isso não ocorre no Brasil: por causa do carisma de Lula? Isso explica em parte. Mas é fundamentalmente pela falta de credibilidade daqueles que o acusam.

A Justiça, lamentavelmente, se tornou eco do jornalismo de guerra, da intensa campanha que é feita contra o governo do PT desde 2003.

Falou tanto, sem apresentar provas, que as palavras perderam valor.

A perda de credibilidade da imprensa chegou às instituições.

Na pesquisa Datafolha, uma pergunta revela o divórcio entre o que pensa o eleitor e o que dizem as autoridades: quando o nome de Lula é retirado, 32% dizem que, nesse caso, não votam em ninguém.

O diretor-geral do instituto, Mauro Paulino, destacou esse aspecto da pesquisa:

“A possível inelegibilidade do ex-presidente aprofunda a crise de representação no cenário político e lança ainda mais incertezas sobre o pleito deste ano e seus desdobramentos”, escreveu.

“Em nenhum outro levantamento de intenção de voto para presidente já feito pelo instituto em ano eleitoral, observou-se uma taxa tão elevada de brasileiros com a pretensão de  votar em branco ou anular o voto”, acrescentou.

Em fevereiro de 2014, pós-manifestações de 2013, o Datafolha tinha registrado o maior índice de rejeição aos candidatos: eram 19% os que disseram que anulariam o voto ou votariam em branco. Agora é quase o dobro.

Sobre o cenário de segundo turno sem Lula, o índice de brasileiros que rejeitam os candidatos aumenta.

Em dois de três cenários pesquisados, o percentual de votos brancos e nulos disputa a liderança com os dois candidatos prováveis.

Isso significa que quem se eleger poderá ter sido rejeitado por quase 70% da população no turno final.

É o cenário ideal para um início de governo em crise.

Como gostam de dizer os pesquisadores, consultas ao eleitorado são retratos do momento.

E o retrato que aparece, na eleição sem Lula, é preocupante.

Resultado de um processo judicial que parte expressiva dos eleitores vê como farsa, instrumento de perseguição.

E que já não tem dúvida de que a eleição sem Lula é mesmo fraude.

Dizem por aí…