De 8 de janeiro a 2025: do caos interno às sanções externas contra os Três Poderes

Atualizado em 26 de julho de 2025 às 10:51
Os presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), e o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP). Foto: Reprodução

Por Washington Araújo

Em 8 de janeiro de 2023, o Brasil presenciou um ato de barbárie que abalou a democracia como um soco no estômago. Extremistas de direita, incitados por retórica golpista, invadiram e devastaram as sedes dos Três Poderes: Palácio do Planalto, Congresso Nacional e STF.

Foi um ataque interno visceral, por brasileiros contra o cerne institucional da nação. Vidraças quebradas, móveis destruídos, obras de arte violadas – emblemas de uma pátria saqueada por filhos insatisfeitos. Marcou o clímax de uma polarização fermentada há anos, com Jair Bolsonaro acusado de incitação central.

Vestidos em verde-amarelo distorcido, os invasores não só vandalizaram edifícios; tentaram demolir a República, contestando urnas e a democracia. Uma ofensiva doméstica, com odor de pólvora e caos, que demandou forças de segurança, prisões e inquéritos.

Agora, em 25 de julho de 2025, o drama persiste, mas de forma insidiosa e global. De Miami, um deputado autoexilado – foragido da justiça brasileira – lança ameaça: os presidentes do Senado, Davi Alcolumbre, e da Câmara, Hugo Motta, enfrentarão sanções americanas, proibidos de entrar nos EUA, como os oito dos onze ministros do STF, rotulados pela Casa Branca como riscos à democracia na semana passada.

Sem invasores armados de paus, surgem ameaças verbais agressivas e pressão econômica externa. Os Três Poderes, antes atacados internamente, agora sofrem assédio de uma superpotência que se impõe sobre a soberania alheia.

As similaridades entre as datas são evidentes no modus operandi:

Em 2023, o Executivo foi atingido diretamente, com o Planalto transformado em campo de batalha. Hoje, o golpe é econômico: tarifa de 50% sobre exportações brasileiras aos EUA, a partir de 1º de agosto de 2025, ameaçando indústrias, empregos e estabilidade governamental.

O STF, saqueado fisicamente em 2023, agora encara ultimatos: interromper o julgamento de Bolsonaro ou sofrer mais retaliações, interferindo na independência judicial via sanções pessoais.

O Legislativo, depredado há dois anos, é coagido a agendas golpistas: na Câmara, anistia aos envolvidos em atos contra o Estado de Direito; no Senado, impeachment de Alexandre de Moraes, tido como perseguidor de extremistas.

Essas ações de 2025 reverberam o 8 de janeiro, mas com sofisticação transnacional. Antes, o inimigo era interno, caótico; agora, é externo, calculado, com chancela da Casa Branca – diplomacia coercitiva misturada à beligerância.

Ambos visam erodir instituições, questionar a soberania e impor autoritarismo. Em 2023, violência física; em 2025, híbrida, com sanções econômicas, vetos migratórios e exigências legislativas.

O padrão é de escalada: paralisar os Poderes, forçando concessões. Ceder abre portas a mais pressões – tarifas extras, isolamentos, intervenções sutis. Um ciclo vicioso em que a submissão nutre o agressor. A democracia brasileira, ferida internamente em 2023, resiste agora a uma ofensiva estrangeira massiva. Cabe aprender com o passado ou curvar-se ao incerto.

Como jornalista e professor de comunicação, guio-me por ética inabalável: sem inclinações políticas ditando palavras, ouvindo todos os lados e refletindo princípios. Busco opinar de forma clara, fundamentada e equilibrada, mas a palavra final é do leitor, soberano em interpretar, questionar e apresentar sua visão do mundo.