De Arnaldo Jabor a Waack, a lista dos jornalistas golpistas do Brasil. Por Pedro Zambarda

Atualizado em 4 de outubro de 2016 às 21:44
Míriam Leitão
Míriam Leitão

 

O impeachment, você sabe, foi aprovado no Senado Federal por 61 votos favoráveis e 20 contrários. O golpe foi consumado por muitos parlamentares que respondem a acusações graves de corrupção.

Mas nada, nada disso seria possível sem a mídia.

A grande imprensa prestou inestimáveis serviços para manter o governo Dilma sob pressão, não interessando se existia fidelidade aos fatos. Comprometidos com a agenda de seus donos, jornalistas entraram num vale-tudo contra o PT, a esquerda, o “bolivarianismo”, o boitatá, Dilma, Lula e tudo o que lhes mandassem fazes.

Eis alguns dos nomes que brilharam no time do golpe. Em ordem alfabética.

1. Arnaldo Jabor

Conhecido pelos discursos inflamados contra o lulopetismo, é uma espécie de decano da turma. Tece comentários na CBN e na TV Globo sobre tudo, até economia doméstica, sem nem chegar perto de algo parecido com informação.

Quando não solta suas opiniões ressentidas na televisão, castiga em suas colunas no Estadão e no Globo. Fatura um bom dinheiro com palestras em que fala mal do Brasil.

2. Augusto Nunes

“Loucademia do Impeachment” e frases de efeito dão a tônica do blog de Nunes no site da revista Veja.

Como apresentador do programa Roda Viva da TV Cultura, foi responsável por tirar entrevistados interessantes e trocá-los por antipetistas assumidos.

Num dos raros momentos de sensatez, conteve os ânimos de José Nêumanne Pinto na entrevista com o ministro Marco Aurélio Mello, que estava indignado com o foro privilegiado de políticos no STF. Passou rapidamente e ele logo voltou a ser o fascista querido da família sem noção brasileira.

3. Carioca

Cismado com o prefeito Fernando Haddad, Márvio Lúcio dos Santos Lourenço, o Carioca, encasquetou com as ciclovias e as ciclofaixas. Faz questão de comentar “com propriedade” quando encontra buracos no Morumbi.

O jornalista e humorista, no entanto, não deixa de tratar com o máximo de respeito o governador Geraldo Alckmin no programa Pânico na rádio Jovem Pan, a mais jabazeira do Brasil.

Segundo a Piauí, gente da Pan ganhou dinheiro de Alckmin para ignorar a crise hídrica.

4. Carlos Alberto Sardenberg

Sardenberg chegou a dizer que a crise econômica na Grécia era culpa de Lula e dos governos do PT. Adora falar sobre o peso das contas públicas, o excesso de gastos do Estado, mas não dá projeções realistas sobre a economia. Faz uma dupla perfeita com William Waack no jornal depressivo no final de noite da Globo.

5. Diego Escosteguy

Considerado o “Kim Kataguiri” do jornalismo brasileiro, ele arruma encrencas no Twitter e exalta as operações da Polícia Federal e de seu herói Sério Moro. O editor-chefe tem um caso sério consigo mesmo que explicita nas redes sociais, especialmente com seus vídeos na plataforma Periscope.

6. Diogo Mainardi

Depois de ter dado à luz Reinaldo Azevedo e de perder o posto de idiota da ladeia para ele na Veja, Mainardi ressurgiu de seu “exílio” em Veneza para mostrar que sempre se pode afundar mais. No seu blog Antagonista, ele chegou a dizer que Dilma Rousseff “se aproveitou do câncer” no discurso de defesa no Senado Federal. Criou o título de artigo mais bizarro de todos os tempos: “LULA PRESO PRA SEMPRE”.

Continua o mesmo reacionário bocó que ajudou a destruir a reputação da Veja, mas agora tem mais cabelos brancos.

7. Eliane Cantanhêde

A principal colunista de política do jornal O Estado de S.Paulo, elogiou a “civilidade” do PT ao não botar “fogo nas ruas”, mas não perde uma oportunidade de colocar Dilma na fogueira. O fato de ser esposa de um marketeiro tucano não tem nada a ver com isso, obviamente.

8. Felipe Moura Brasil

Pupilo do astrólogo de extrema direita Olavo de Carvalho, seu Blog do Pim adora acusar Dilma de “vitimismo” e “terrorismo eleitoral”. Chama os senadores Gleisi Hoffmann, Lindbergh Farias e Vanessa Grazziotin de “bancada da chupeta”.

Tem fixação pelo deputado Jair Bolsonaro e não perdoa seus adversários, especialmente o deputado Jean Wyllys. Ninguém sabe até hoje o que significa o PIM.

9. Joice Hasselmann

Foi demitida da Veja por 65 plágios de matérias, escreveu um livro sobre o juiz Sérgio Moro e hoje aparece em eventos de todos os movimentos antipetistas como musa. Seria ela uma jornalista, uma militante no YouTube ou, simplesmente, alguém sem freios? Fica a dúvida

10. José Nêumanne Pinto

Editorialista do Estadão e comentarista da TV Gazeta, Nêumanne tem obsessão doentia com Lula e o PT. Imita a fala do ex-presidente forçando o sotaque — mesmo sendo paraibano e nordestino, um caso patológico de auto imolação. Num passado recente, chegou a tirar foto com Luiz Inácio Lula da Silva em frente a uma bandeira vermelha, mas isso foi antes de ele ganhar melhor para falar o contrário.

11. Kim Kataguiri

Não é jornalista – ou não deveria ser. Mas foi contratado pela Folha de S.Paulo como colunista depois de mandar fotos de bundas para outros repórteres e liderar uma marcha de meia dúzia de pessoas de São Paulo até Brasília.

12. Marco Antonio Villa

Um dos demitidos da revista Veja neste ano, continua militando na Jovem Pan e na TV Cultura. Historiador especializado no antipetismo, Villa também diz que o game Pokémon GO é sinal de “decadência cultural”. Ele pede que os jovens leiam mais livros, mas pelo menos não recomenda o próprios.

13. Merval Pereira

Porta voz dos Marinhos, ficou mundialmente conhecido ao torcer deslavadamente pela derrota do PT quando na contagem dos votos na eleição de 2014. Hoje vive de explicar por que o golpe não é golpe.

14. Míriam Leitão

A colunista de economia da Globo fez de tudo para ressaltar apenas os dados negativos do governo Dilma Rousseff. O que Míriam Leitão poderia ocultar foi ocultado. Deu embasamento para a narrativa da crise que alimentou o impeachment. Chegou a dar um esculacho em Geraldo Alckmin porque ele ousou chamar Dilma de presidenta.

15. Rachel Sheherazade

Ela abandonou os comentários estúpidos no SBT depois que Silvio Santos mandou. Por ordem do patrão, hoje está reduzida, na TV, à função de cabeça falante. Mas isso não reduz o papel de Sheherazade no golpe desde 2014, quando detonou uma onda de ódio defendendo o linchamento de um jovem carioca em rede nacional.

16. Reinaldo Azevedo

Reinaldo Azevedo é o papa do ódio no Brasil. Transformou a Veja numa extensão de si mesmo. Hoje faz o serviço sujo de defender o novo presidente para tentar garantir a publicidade oficial numa editora que cada vez vende menos e, graças a gente como ele, tem menos credibilidade.

Recentemente defendeu a tese maluca de que o PT recorreria à “revolta armada” depois do impeachment. Reinaldo perdeu, há bastante tempo, contato com a realidade. Foi contratado para repetir sua ladainha na Folha e na Jovem Pan.

17. Ricardo Noblat

Noblat é um veterano fanfarrão movido a boatos e maledicências. Durante a votação do impeachment, postou um meme com a frase “já é impeachment na Austrália”, horas antes da derrubada de Dilma Rousseff.

Publicou a fofoca de WhatsApp segundo a qual Dilma atirou um cabide em sua camareira, “provando” que a ex-presidente era uma maluca descontrolada. Também foi um dos maiores propagadores da história do rompimento de Dilma e Lula.

Os delírios golpistas de Noblat ajudaram a criar cães que não respeitaram seu próprio filho, Guga Noblat, atacado por antipetistas na rua por se vestir de vermelho na Paulista.

18. Vera Magalhães

Foi colunista do Radar da Veja no lugar de Lauro Jardim, cortada na mudança de direção da revista. Não ficou nem um ano no cargo.

Depois de um silêncio, voltou à Jovem Pan e ao Estadão para comentários opinativos contra o PT. Afirmou, com todas as letras, que o discurso de Dilma Rousseff no Senado foi fraco. Nem o Cunha disse isso.

Seu marido, Otávio Cabral, escreveu uma biografia repleta de erros sobre José Dirceu e foi assessor de imprensa de Aécio Neves na campanha presidencial de 2014.

19.William Bonner e Renata Vasconcellos

Bonner foi protagonista de um jogral ridículo dos grampos ilegais vazados por Sérgio Moro de um diálogo entre o ex-presidente Lula e Dilma.

A apresentadora Renata Vasconcellos deu uma gorda contribuição ao golpe ao ajudar no teatro. O casal do JN é a sinfonia da derrubada ilegítima de Dilma Rousseff.

20. William Waack

Se William Bonner tem alguma aparência de imparcialidade, Waack foi responsável pelo jornalismo mais militante da televisão brasileira. Não escondia o sorrisinho no rosto toda vez que tinha alguma notícia negativa a dar sobre o governo derrubado de Dilma Rousseff. Na Olimpíada, foi humilhado pela cantora Anitta e pela colega Cristiane Dias. Com sua beleza agreste e a simpatia subsaariana, Waack é o irmão perdido de José Serra.

21. Editorialistas do Estadão

São 10 homens que são responsáveis pelos textos que refletem a opinião da publicação centenária: Antonio Carlos Pereira, Nicolau Cavalcanti, Marco Antonio Rocha, Lourenço Dantas Motta, José Eduardo Faria, Antonio Ferreira Paim, Jorge Okubaro, Marco Zuckerman, Rolf Kuntz e o próprio José Nêumanne.

De todos eles, Pereira foi responsável pela pérola que chamou o jornalista Glenn Greenwald de “militante petista”.

22. Time da GloboNews

Renata LoPrete, Cristiana Lôbo, Gerson Camarotti, Leilane Neubarth, Andreia Sadi, Jorge Pontual e mais alguns fizeram campanha ativa no canal de notícias do Grupo Globo, sobretudo no Jornal das 10. Falsamente neutros, vivem de repisar os mesmos truques. Camarotti chegou a classificar a fala de Dilma pós impeachment “declaração de guerra”.

É um time articulado numa emissora de 24 horas de conteúdo supostamente noticioso. Quase o crime perfeito.